Nitro Química passa a sequestrar gás-estufa

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Companhia do grupo Votorantim adota matérias-primas renováveis e deixa de emitir CO2

 

A Nitro Química, empresa do grupo Votorantim, conseguiu um feito neste ano: em vez de emitir dióxido de carbono (CO2) em seu processo produtivo, a empresa sequestrou o gás-estufa. Líder mundial na produção de nitrocelulose - uma resina sintética utilizada em segmentos como pintura automotiva, seladores, tintas de impressão e cosméticos -, a Nitro Química deverá apresentar o resultado em seu segundo inventário anual de emissões gasosas.

 

Sequestrar carbono só foi possível graças à introdução de duas matérias-primas renováveis na linha de produção da nitrocelulose: a celulose de madeira e o etanol. De acordo com Fábio Filippos, diretor-geral da empresa, a reformulação reduziu o custo de produção da unidade em cerca de 10%.

 

Até recentemente, a Nitro Química utilizava o línter de algodão, a película que reveste o caroço do algodão, como uma das matérias-primas para a produção da nitrocelulose. Aos poucos, está substituindo o línter pela celulose de madeira, que tem a mesma função e ainda é renovável. "Chegamos a usar 90% de línter no passado. Hoje caímos para 50%", diz Filippos. A expectativa do grupo é que, em dois anos, o percentual de celulose de madeira suba para 80%.

 

Paralelamente, a empresa trocou o isopropílico, oriundo do petróleo, pelo álcool de cana-de-açúcar. Do volume total de nitrocelulose produzido, 65% já leva etanol, e em dois anos essa proporção subirá para 75%. Os dois componentes representam quase 70% das matérias-primas utilizadas.

 

"Nossas matérias-primas são de origem natural, renovável e não são tóxicas para o contato humano", diz Rafael Pedro Pellicciotta, gerente de tecnologia e qualidade da empresa, que fatura anualmente R$ 300 milhões. "Estamos nos preparando para sair na frente no setor de tintas".

 

Como resultado dessas modificações, a unidade de nitrocelulose da empresa vai obter neste ano um sequestro de 0,32 tonelada de CO2 por tonelada produzida de nitrocelulose. Em 2009, a empresa jogou na atmosfera 0,36 tonelada de CO2. "A empresa vai fixar carbono em vez de emitir gás-estufa", diz Nino Bottini, diretor da consultoria Green Domus, contratada para fazer o inventário de emissões.

 

Com sede em São Paulo, a Nitro Química exporta para mais de 70 países. Dois terços da sua produção anual de 35 mil toneladas de nitrocelulose vão para o exterior.
 


Veículo: Valor Econômico


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