Um mês depois de inaugurar a unidade do Rio Grande do Sul, grupo prepara investimento de US$ 100 milhões para nova planta
Um mês após iniciar a operação de sua primeira fábrica de "plástico verde" - que usa etanol em vez de petróleo como matéria-prima -, a Braskem anuncia a construção de uma nova planta, que ficará pronta em 2013. Com investimento de US$ 100 milhões, a fábrica será capaz de produzir 30 mil toneladas de plástico por ano. Os estudos acabaram de ser concluídos, mas o local da instalação não foi divulgado.
O projeto da nova fábrica de plástico verde será oficializado hoje pela Braskem, na Alemanha, durante a Feira K 2010 - o evento internacional mais importante da indústria de plásticos e borracha. A petroquímica brasileira faz planos de se tornar, até 2020, líder global em química sustentável. "É um caminho promissor e sem volta", diz Marcelo Lyra, vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Braskem.
As pesquisas nessa área começaram em 2005 e, dois anos depois, a empresa anunciou a construção de uma fábrica na cidade de Triunfo, no Rio Grande do Sul. A planta, que recebeu investimentos de R$ 500 milhões, foi inaugurada há um mês, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa primeira fábrica tem capacidade para produzir 200 mil toneladas de polietileno, um tipo de plástico usado principalmente em embalagens.
Mesmo antes da inauguração, a Braskem já tinha mais de 20 contratos fechados com empresas interessadas no plástico verde. Os primeiros produtos feitos com essa resina devem chegar às prateleiras até janeiro. A Johnson & Johnson vai usá-lo nas embalagens de Sundown; a Procter & Gamble, na linha Pantene; e a Natura, nos frascos de cosméticos da linha Erva Doce.
A nova fábrica da Braskem vai produzir um outro tipo de plástico, mais versátil, chamado polipropileno. Ele é aplicado não só em embalagens, mas também no setor automotivo, em painéis de carros, para-choques e até tanques de combustível. "Será a única fábrica de polipropileno feito com base na cana-de-açúcar no mundo", afirma Lyra.
Na inauguração da primeira planta, o presidente da companhia, Bernardo Gradin, disse que já estudava a possibilidade de levar projetos semelhantes para outros quatro países - na América, Europa e Ásia.
Vantagens. Como produto final, o plástico verde não difere em nada do plástico produzido com petróleo. A diferença está na matéria-prima usada, já que a cana-de-açúcar é renovável. A cada tonelada de "bioplástico" produzida, são capturadas 2,5 toneladas de dióxido de carbono do ar. Quem faz essa absorção é a própria cana-de-açúcar. No processo tradicional, acontece o inverso: são jogados no ar cerca de 2,5 toneladas de dióxido de carbono por tonelada produzida.
Toda essa sustentabilidade tem um custo. No caso do polietileno fabricado em Triunfo, a Braskem chegou a informar em outras entrevistas que o plástico verde é 30% mais caro que o similar derivado do petróleo. Para a nova resina, porém, ainda não fez essa conta.
A empresa também não divulgou a demanda estimada para o polipropileno verde. "O que podemos dizer agora é que o polietileno que estamos fabricando no Sul tem uma demanda três vezes maior do que a capacidade de 200 mil toneladas", disse Lyra. Cerca de 80% da produção prevista para este ano já foi vendida, principalmente para indústrias da Europa e do Japão. "Os outros 20% reservamos para testar o produto e expandir mercado", diz o executivo.
Com a fábrica de Triunfo, a Braskem passou a ser a maior consumidora de etanol do País: são 680 milhões de litros por ano - volume que se aproxima de todo o consumo do Estado do Rio Grande do Sul, de cerca de 720 milhões.
Veículo: O Estado de S.Paulo