Dow retoma projeto de resina verde no Brasil

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Plásticos: Além desse investimento, foco em especialidades químicas

 

A multinacional americana Dow Chemical decidiu retomar o projeto de resina termoplástica verde no Brasil, empreendimento avaliado em mais de US$ 1 bilhão. Esse projeto era praticamente dado como encerrado, mas a companhia resolveu levá-lo adiante e está em negociações com possíveis parceiros para colocá-lo em prática.

 

Em entrevista ao Valor, o CEO global do grupo, Andrew Liveris, afirmou que a fábrica tem condições de ser erguida no Brasil, uma vez que só o país tem o expertise de produzir etanol de cana em larga escala. Em sua curta visita a São Paulo, Liveris disse que a retomada desse projeto foi um dos principais assuntos da pauta de sua viagem.

 

Mas os planos da Dow para o Brasil não se limitam à unidade de plástico verde. O grupo avalia também ser produtor de etanol como forma de diversificar seus negócios na área de energia renovável. Ainda não há projetos concretos nesse sentido, de acordo com Liveris, mas a companhia passou a olhar novos negócios para o seu portfólio. Investimentos em novas fábricas para especialidades químicas nos próximos anos também deverão ser feitos no Brasil - considerado ao lado da China um dos com maiores potenciais de expansão entre os países emergentes.

 

Com faturamento global de US$ 45 bilhões, dos quais US$ 5,2 bilhões na América Latina, a Dow, com 86 joint ventures espalhadas pelo mundo, deverá crescer aproximadamente 12% em 2010 e o mesmo percentual em 2011. A empresa não descarta novas parcerias, mas Liveris disse que a múlti não tem pressa. "A Dow é uma companhia muito internacional."

 

Passados dois anos da crise financeira global, período marcado pelo congelamento ou até mesmo o enterro de grandes projetos de investimentos pelo mundo, a Dow retomou seu fôlego. "Nos últimos anos começamos a investir muito dinheiro em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Em seis anos foram cerca de US$ 9 bilhões. Nossa estratégia é apostar em novos portfólios", disse o executivo australiano, que está à frente da Dow como CEO desde novembro de 2004.

 

Durante a crise financeira mundial, a Dow passou por importantes mudanças. No início de 2009, concluiu a aquisição da Rohm&Haas, por US$ 15,3 bilhões, o que permitiu à empresa avançar no segmento de especialidades químicas. Quase no mesmo período, teve desfeita uma joint venture dada praticamente como certa com a Petrochemical Industries Company (PIC), subsidiária da Kuwait Petroleum Corporation (KPC), por desistência dos árabes.

 

A empresa chegou a colocar parte de seus ativos à venda durante a crise. Em 2009, vendeu a companhia de plásticos Styron para a empresa de private equity Bain Capital por US$ 1,63 bilhão. A brasileira Braskem, do grupo Odebrecht, também chegou a olhar alguns ativos da Dow nos EUA, mas as negociações não avançaram. Agora, com um cenário mais positivo, a Dow pretende seguir o processo de expansão. Os países emergentes deverão estar nessa nova rota. "Hoje, o cenário é diferente comparado com o do ano passado. A companhia está mudando e já olhamos novos investimentos", disse.

 

Os países emergentes representam 32% das vendas globais. "Há dois anos, essa fatia era 29%." Entre as metas da companhia estão aportes em segmentos denominados megatendências, como energia renovável, infraestrutura e transportes, saúde e nutrição animal.

 

A retomada do projeto de bioplásticos verdes reflete o atual cenário do Brasil e da companhia. "Há quatro anos, quando anunciamos o projeto, o mercado estava favorável. Mas nosso parceiro [o grupo Santelisa Vale] teve problemas (...). Estamos em processo de definição de novo parceiro e isso toma um tempo. A crise atrapalhou esse processo. Temos alguns interessados, com expertise em produção e processamento de cana e etanol, além de parceiros com experiência em plásticos", disse.

 

A petroquímica Braskem opera desde setembro uma fábrica de resina verde em Triunfo (RS) e estuda uma segunda unidade no país. Segundo Liveris, há espaço no mercado internacional, onde existe um forte apelo dos clientes, como Coca-Cola, Pepsi, Wal-Mart e Procter& Gamble, por produtos sustentáveis.

 

Veículo: Valor Econômico


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