Pesquisa da PwC aponta que apenas 22% das empresas desenvolvem ações nesse sentido.
O interesse pela sustentabilidade é crescente no mundo corporativo, mas ainda há muita dúvida sobre como as empresas podem atuar de forma sustentável. Uma pesquisa da consultoria PwC realizada com 175 executivos de fundos de private equity e empresas de capital aberto mostra que 88% acreditam que a sustentabilidade terá papel fundamental nas decisões de negócios nos próximos dois anos, mas apenas 22% estão efetivamente desenvolvendo estratégias relacionadas ao tema.
Após anos de discussões e de criação de novos conceitos, muitas empresas ainda não sabem o que a sustentabilidade significa para o dia a dia das suas operações. Na pesquisa, realizada recentemente durante um webcast sobre sustentabilidade, 33% dos executivos disseram que o principal fator para a adoção de estratégias sustentáveis é a oportunidade de lucros; outros 22% apontaram a gestão de risco como o principal impulso para a sustentabilidade na organização. Outros dois fatores citados foram melhoria da imagem (19%) e regulações (9%).
Mesmo com os incontáveis casos de benefícios alcançados com a adoção de estratégias para a sustentabilidade - como economia de custos e ganhos de eficiência - as empresas ainda têm dificuldades de iniciar seus programas e projetos na área. Mais da metade dos entrevistados pela PwC ressaltaram que a maior barreira para agir é a falta de um mandato claro dos acionistas e, conseqüentemente, a indisponibilidade de recursos em quantidade suficiente para fazer a sustentabilidade uma prioridade.
Além da indefinição sobre as prioridades e sobre como atuar, a pesquisa mostra uma visão que ainda não conseguiu ser superada no mundo corporativo: a sustentabilidade não é considerada um problema imediato, ou seja, pode ser colocado em segundo plano.
Impacto - Um exemplo de como o tema da sustentabilidade vem desafiando as empresas é o da SC Johnson, indústria americana dos segmentos de cuidado e limpeza doméstica, armazenagem de alimentos, cuidados pessoais e inseticidas e dona de marcas famosas como Raid e Baygon (inseticidas), OFF! (repelentes) e Glade (odorizadores de ar). A empresa criou em 2001 um ranking para escolher matérias-primas de menos impacto para o ser humano e para o meio ambiente chamado Greenlist.
Em 2008, a empresa começou a identificar com um selo verde os produtos para o consumidor final que reduziam os impactos de acordo com os critérios do Greenlist. Mas a ação da empresa foi percebida pelos consumidores como greenwashing. A SC Johnson passou a ser questionada sobre seus critérios e a legitimidade do seu selo verde foi fortemente questionada, especialmente por que não havia uma certificadora externa que garantisse a confiabilidade do processo de redução de impactos.
O processo de concessão do selo para os produtos selecionados como "verdes" era feito todo internamente pela empresa. A insatisfação dos consumidores foi tanta que a empresa passou a ser questionada na Justiça americana. A SC Johnson fechou um acordo em dois processos, de consumidores individuais dos Estados da Califórnia e Wisconsin. Não foi divulgado o valor do acordo, mas a empresa já decidiu rever o uso do selo verde próprio. O mais interessante é que a criação do Greenlist levou a empresa reduzir drasticamente o uso de compostos orgânicos voláteis e a eliminar o uso dos chamados disruptores endócrinos (como os phthalate e o bisfenol).
Veículo: Diário do Comércio - MG