Inpev fará reciclagem de sacos agricolas

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Entidade que coordena logística reversa de defensivos agrícolas reduz custos e amplia área de atuação; hospitais e restaurantes também terão programa de coletade embalagens


 
Enquanto os grupos organizados pelo Ministério do Meio Ambiente engatinham para a implantação de um plano de logística reversa, o programa de reciclagem de embalagens de defensivos agrícolas, criado há dez anos, avança. O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) órgão encarregado da operacionalização da reciclagem desses produtos, vai estender sua atuação para a reciclagem de sacaria de sementes de milho e algodão e de produtos saneantes e desinfestantes de uso profissional.

 

No caso da sacaria de sementes, quatro empresas estão envolvidas — Syngenta, Bayer, Monsanto e Dow — na proposta. “A ideia é aprender e depois aumentar a escala para fazer um trabalho completo”, informa o presidente da Inpev, João Cesar Rando. “Serão usados os mesmos postos e sugeridos os mesmos caminhos já utilizados na reciclagem de embalagens agrícolas porque há uma sinergia grande entre os serviços.”

 

No caso dos desinfestantes, foi feita uma parceria com a Associação Brasileira de Aerossóis e Saneantes Domissanitários (Abas) para recolher e reciclar as embalagens em hospitais e restaurantes. O projeto deve começar em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.

 

Modelo

 

Considerado referência mundial na destinação final de embalagens fitossanitárias, o Inpev tem recebido muitas solicitações para explicar como funciona o trabalho da entidade. A PolíticaNacional de Resíduos Sólidos, aprovada no ano passado, obriga fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e cidadãos a dar uma destinação adequada aos produtos adquiridos. A ideia central é que a vida útil do produto não termina após ser consumido, mas volta a seu ciclo de vida, para reaproveitamento, ou para umfim ambientalmente adequado.

 

No caso dos defensivos agrícolas, empresas e entidades criaram o Inpev para coordenar o processo que envolve toda a cadeia produtiva. O agricultor entrega as embalagens lavadas em um local indicado na nota fiscal pelo revendedor do agrotóxico até um ano após a sua utilização. Quem comercializa o produto tem a responsabilidade de oferecer locais para receber as embalagens vazias e gerenciar o recolhimento. Hoje, existem 430 unidades de recebimento em todas as regiões, sendo 115 centrais e o restante postos satélites que levam a outros dotados de mais infraestrutura. Há ainda postos de recebimento itinerantes em locais que não justificam a criação dessa estrutura.

 

No final, os fabricantes recolhem as embalagens e o poder público controla os órgãos de fiscalização, o licenciamento e a legislação do processo. “Hoje, de toda embalagem que coletamos, 92% está sendo reciclada”, diz Rando. O Inpev recicla parte das embalagens para serem reutilizadas nos agrotóxicos e gerar receita para a entidade. O custo inicial do processo, que era de R$ 3 por quilo de material, baixou para cerca de R$ 1 por quilo.

 

Plástico, papelão e metal reutilizados

 

Além de controlar a gestão completa das embalagens pós-consumo de agrotóxicos, o Inpev criou processos de apoio ao sistema. As embalagens de papel são reaproveitadas para tamboretes e as metálicas são fundidas para fazer vergalhões de aço para a construção civil. O plástico reciclado é utilizado em tubulações, dutos de irrigação e drenagem, construção civil, caixas e sacos para lixo hospitalar. O Inpev criou a Campo Limpo, empresa capaz de produzir resinas plásticas para a própria indústria de defensivos agrícolas por meio de uma tecnologia de multicamadas (triex), com material virgem que só é utilizada no Brasil, e ajudar a diminuir as emissões de carbono e o consumo de energia do segmento. O Inpev também investe em campanhas de conscientização em massa. Hoje, 18 de agosto, é o Dia Nacional do Campo Limpo, cujo objetivo é levar as unidades do entorno das unidades de recebimento de embalagem a abrir suas portas às escolas.

 


Veículo: Brasil Econômico


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