Apesar de desconhecimento, avaliação é de que iniciativas são lucrativas
Negócios que se dizem sustentáveis ganham pontos com o consumidor, e os microempresários sabem disso.
O que eles desconhecem, contudo, é o próprio conceito de sustentabilidade, aponta a primeira sondagem do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) sobre o tema, feita com 3.058 micro e pequenas empresas do país em agosto deste ano. Do total de entrevistados, 58% afirmaram não ter conhecimento algum sobre o assunto. Ainda assim, 47% deles disseram que a questão representa oportunidade de ganho, e 79% pontuaram que ser sustentável atrai clientes.
A incoerência é "reflexo do pouco conhecimento [do empresário]", avalia o diretor técnico do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos.
"As empresas têm dado muita atenção à questão ambiental, mas a sustentabilidade também tem como base aspectos sociais e econômicos", diz o professor Clovis Armando Alvarenga Netto, coordenador do curso de ecodesign, da Fundação Vanzolini.
A sustentabilidade alia projetos ambientais a sociais (como oferta de cursos e outros planos que se destinam às pessoas da região da empresa) -que precisam auxiliar o empreendimento a gerar lucro. "Se não for assim, não será sustentável", reforça Alvarenga Netto.
Por acreditarem que o conceito está unicamente ligado à questão ambiental, empresários têm dificuldades de implantar práticas efetivas.
Na Apdata, de software, a tentativa foi barrada pela "falta de conscientização dos funcionários", afirma a presidente, Luiza Nizoli, 50.
Há seis anos, a empresa começou a adotar práticas simples, como redução de uso de papel, mas esbarrou na resistência da equipe, que teria de mudar hábitos. "As pessoas enxergam que a empresa quer ganhar [sozinha]."
Quando a economia passou a ser revertida em benefícios para os funcionários, como sala com rede para cochilos, a adesão foi maior. Hoje a Apdata conta com comitê sobre o tema para tentar implementar novas práticas.
Veículo: Folha de S.Paulo