Primeira companhia do setor a calcular a "pegada de carbono" de parte de seus produtos, a Suzano Papel e Celulose dá mais um passo em direção à sustentabilidade da sua cadeia produtiva. A empresa lançou em dezembro no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos uma nova linha de papel que tem as emissões de gases poluentes geradas em sua produção compensadas através de projetos de energia limpa.
O novo produto, na verdade, é um desdobramento de um processo de quantificação e certificação de gases-estufa iniciado em 2003, que culminou em 2011 com o primeiro selo de "pegada de carbono" do setor. Diferentemente de outras empresas que limitam-se a quantificar emissões somente da produção própria, a Suzano estendeu a conta para toda a cadeia produtiva - dos cerca de 400 fornecedores de matéria-prima até a "porta do cliente" no Brasil e exterior. Nesse cálculo entram, por exemplo, operações nas fábricas e energia gasta até o transporte.
"Agora estamos agregando valor a esse produto, que é a compensação", diz Carlos Anibal, diretor da unidade de negócio papel e celulose da Suzano. De acordo com ele, o mercado alvo é o corporativo, sobretudo bancos. Por ser um produto de maior valor agregado, a empresa informou que adotará política comercial diferenciada. "Acreditamos que vai ser um marco de tendência porque a sustentabilidade é exigência do mercado."
A Suzano segue, assim, uma tendência mundial de redução de gases do qual já fazem parte nomes como Coca Cola, PepsiCo, Danone, Kimberly-Clark e Tesco, a maior varejista britânica.
A compensação virá por meio de projetos em países onde a Suzano já faz negócios. Segundo Marina Carlini, consultora de mudanças climáticas da empresa, seis projetos foram contemplados nas áreas de captação de metano, energia eólica e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) na Nicarágua, Colômbia, Turquia, Estados Unidos e Brasil.
Segundo ela, a Suzano possui uma espécie de "conta-corrente" com saldo de cinco mil toneladas de CO2 equivalente. "Conforme vamos tendo encomendas de papel, compramos mais créditos", explicou. Esses créditos são comprados no mercado internacional através de bancos ou empresas especializadas em carbono.
O inventário de emissões realizado desde 2003 permitiu detectar onde as emissões estão em patamar considerado aceitável e onde há problemas. De toda a cadeia produtiva, a logística é a parte que mais emite gases poluentes - e, portanto, a que mais requer atenção para que a Suzano consiga reduzir a média de emissões.
A redução é importante porque para o Carbon Trust, empresa criada em 2000 pelo governo britânico e que conta com orçamento público e gestão privada, tão importante quanto medir a poluição é criar meios de diminui-la. "Ainda não temos meta para redução de gases, mas teremos que reduzir para continuar recebendo a certificação", diz Marina.
Entre 2000 e 2009, a Suzano conseguiu reduzir suas emissões de 0,472 tonelada de CO2 /tonelada de produto para 0,267. Os dados de 2010 ainda estão em processo de auditoria externa.
A companhia já rotula com o selo da Carbon Trust cerca de 1,1 milhão de toneladas de celulose, destinados aos papéis Report, Alta Alvura, Paperfect, Symetric e agora ao Report 360°. A Unidade de Negócio Papel responde por 57% das receitas da Suzano. Ela não informa a participação dos produtos com "pegada de carbono" na receita.
Veículo: Valor Econômico