Supermercados não entregam sacolas

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A maioria dos supermercados da região ainda não se adaptou ao TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado na sexta-feira pela entidade representativa do setor com o Procon e o Ministério Público. Assim, ao invés de liberarem as embalagens alternativas - e até mesmo as plásticas - aos clientes pelos próximos 60 dias, o que se viu foram consumidores saindo com produtos abarrotados nos braços e nos carrinhos.

A equipe do Diário percorreu cinco grandes supermercados da região para verificar se, após três dias da assinatura do TAC, os clientes encontravam dificuldades para embalar suas compras. Carrefour, Pão de Açúcar e Walmart não ofereciam nenhuma contrapartida gratuita aos clientes, como sacos de papel, caixas de papelão e sacolinhas.

Nesse último, ao terminar suas compras a equipe do Diário foi convidada a procurar caixa de papelão pela loja que, ao fim da tarde já não era fácil de encontrar. Os varejistas garantiram que já estavam adaptados à medida de transição. No Extra e na Coop as embalagens estavam disponíveis.

O diretor de sustentabilidade da Apas, João Sanzovo, defendeu que a falta de sacolas nos caixas era pontual e que sobretudo as cidades menores ainda não estavam a par da assinatura. "Estamos orientando nossos associados que não deixem os clientes sem alternativas gratuitas nesse período do TAC", esclareceu.

Depois dos dois meses de transição, o diretor afirma que nenhuma sacolinha - nem caixa de papelão - será oferecida gratuitamente e o cliente deverá se conscientizar com as retornáveis, a partir de R$ 0,59.

INSATISFAÇÃO -Apenas alguns consumidores já aderiram à campanha, e saíam dos estabelecimentos com ecobags retornáveis. A medida começou a valer no dia 25 e busca substituir as sacolinhas por embalagens recicláveis. O argumento é que a alteração evitará mais danos ambientais.

Com isso, consumidores ainda são pegos desprevenidos pela campanha e tampouco sabiam do TAC. Caso da manuseadora Elisangela Renata, 37, que ficou surpresa ao se lembrar que teria de carregar suas compras na mão. "Saímos de casa sem lembrar dessas sacolinhas", lamenta.

A dona de casa Regina Oliveira, 53 anos, disse que a campanha não beneficia o meio ambiente porque outras embalagens, como as de feijão, arroz e papel higiênico, continuam sendo vendidas em plásticos. "Tinha que ser uma medida mais abrangente, porque senão não adianta nada", disse, com as compras misturadas no carrinho.

A comerciante Célia Buzzo, 52, defende o mesmo argumento. Para ela, que carrega sacolas plásticas no veículo para reutilizá-las, o acordo prejudica os mais idosos e os que planejam as compras de última hora ou as mensais, com vários itens para carregar.

"Eu não quero ficar com essa retornável debaixo do braço. Sob obrigação, não muda a consciência da pessoa. Tem que ser feito projeto amplo em defesa do ambiente, e não dos supermercados", ressalta ela, que vê na medida uma forma de os locais aumentarem suas receitas sem, contudo, reduzir os preços.

Multa por descumprimento chega a R$ 25 mil por dia

A Fundação Procon afirmou que está fiscalizando os supermercados que não cumprem o TAC que visa oferecer aos clientes embalagens por até dois meses. A multa, segundo o assessor-chefe da entidade, Carlos Coscarelli, chega a R$ 25 mil diários à Associação Paulista de Supermercados em caso de irregularidades.

Contudo, o próprio diretor admitiu que, apesar de a medida valer desde sexta-feira, até ontem a entidade flexibilizaria a punição para que os estabelecimentos se adaptassem ao TAC. Outra forma de autuação é multar cada varejista - de acordo com o Código de Defesa do Consumidor. Assim, a conta varia de R$ 400 a R$ 6 milhões, conforme o porte do estabelecimento.

Na página do Procon na internet o consumidor consegue denunciar estabelecimentos que não disponibilizam sacolas, caixas de papelão ou outra embalagem gratuita nos próximos 60 dias. "A denúncia vai nos ajudar a dar um direcionamento aos locais irregulares", disse Coscarelli.
 

Veículo: Diário do Grande ABC - SP
 
 


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