Os açougues e frigoríficos da Grande São Paulo geram diariamente cerca de 800 toneladas de lixo oriundos de restos de animais como bois e aves, que sem um descarte correto pode prejudicar seriamente o meio ambiente, contaminando rios e solos.
De olho na preservação ambiental e também na oportunidade de reaproveitamento desses dejetos para produção de ração para peixe, aves e pet, alguns frigoríficos e empresas se especializaram na atividade, chamada graxaria.
O diretor da Feira Internacional das Graxarias (Fenagra), Daniel Geraldi, conta que a serventia dos dejetos não se limita apenas a fabricação de ração, mas atende também setores de cosméticos, produtos de higiene e limpeza, biocombustíveis, entre outros. Segundo Geraldi, o setor pecuário é um dos mais importantes para as graxarias.
“São das sobras de ossos de bovinos que essas empresas retiram substâncias para fabricação de farinha para ração animal, e do sebo - gordura - matéria prima para biodiesel, sabão e sabonete. Além de beneficiar esses diversos setores da indústria, o mercado de graxaria, que movimenta cerca de R$ 4 bilhões por ano, também é um importante gerador de oportunidades de empregos. “Atualmente há 512 graxarias que empregam em mé- dia 65 mil pessoas”, conta. Pelo fato de as ações governamentais para o recolhimento e descarte correto desses subprodutos ainda serem ineficientes, Geraldi argumenta que o trabalho feito pelas empresas pode ser considerado um serviço de utilidade pública.
“O recolhimento das sobras animais não é importante apenas para frigorí- ficos, que acabam gerando receita, mas também para a sociedade. É a população que se sente mais segura, sabendo que o meio ambiente está sendo preservado”, destaca. O diretor da graxaria Razzo, Gustavo Razzo, também foca na relevância do setor para a preservação ambiental, argumentando que se essas sobras fossem destinadas aos aterros sanitários, o Brasil poderia viver um grave problema de saúde pública.
Ele lembra que na Europa essa coleta é subsidiada pelo governo. “Aqui é uma atividade particular das indústrias”, diz. Para ampliar discutir as perspectivas do setor, incluindo as inovações tecnológicas, será realizada nos dias 8 a 9 de maio no Espaço Frei Caneca, em São Paulo, a Feira Internacional de Graxarias, que reunirá graxarias, frigoríficos e açougues. “É uma boa oportunidade para quem quer conhecer mais o setor”, diz Geraldi.
Veículo: Brasil Econômico