Coleta de lixo tóxico ainda é desafio para o Brasil

Leia em 2min 40s

O descarte de lixo passível de liberar substâncias tóxicas ainda é um problema para o país, apesar de já haver legislação regulamentando o assunto. De acordo com a Lei n°12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os fabricantes, importadores e revendedores de produtos que podem causar contaminação devem recolhê-los. Mas dois anos após a regra estar em vigor, os cidadãos dispõem de poucos locais adequados para jogar fora pilhas e baterias; pneus; lâmpadas fluorescentes e embalagens de óleo lubrificante e de agrotóxicos.

A lei recomenda que haja acordos setoriais e termos de compromisso entre empresários e o Poder Público para implantar o sistema de devolução ao fabricante no país, prática conhecida como logística reversa. O primeiro passo nesse sentido foi dado apenas no final do ano passado. Em novembro de 2011, o Ministério do Meio Ambiente publicou edital de chamamento para propostas referentes ao descarte de embalagens de óleo. No início deste mês, o órgão lançou mais dois editais: um diz respeito a lâmpadas fluorescentes e o outro a embalagens em geral. No caso das embalagens de óleo, as sugestões continuam sendo debatidas. Quanto aos outros dois editais, segue o prazo de 120 dias para que entidades representativas, fabricantes, importadores, comerciantes e distribuidores enviem propostas à pasta.

Enquanto não há um sistema estruturado para destinação de resíduos perigosos, os consumidores continuam fazendo o descarte junto com o lixo comum ou são obrigados a recorrer a iniciativas pontuais de organizações não governamentais (ONGs) e empresas para fazer a coisa certa.

“Alguns pontos comerciais se preocupam em fazer pequenos ecopontos para receber pilhas e baterias, mas é muito diminuto”, avalia João Zianesi Netto, vice-presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP). De acordo com Netto, houve um movimento da própria indústria no sentido de fazer o recolhimento antes de haver legislação específica, pois a maior parte dos produtos é reaproveitável e tem valor agregado. Mas, na opinião dele, a informação sobre como realizar a devolução não é satisfatoriamente repassada às pessoas. “Eu não estou vendo que estejam procurando instruir o cidadão”, avalia.

A pesquisadora em meio ambiente Elaine Nolasco, professora da Universidade de Brasília (UnB), diz que as atitudes de logística reversa no Brasil são dispersas. “Está dependendo de algumas localidades. Geralmente são ONGs e cooperativas que têm esse tipo de iniciativa. Em alguns casos há participação do Poder Público, como no Projeto Cata-Treco, em Goiânia”, exemplifica ela, referindo-se a um programa da prefeitura daquela cidade em parceria com catadores de lixo.

O governo do Distrito Federal também instituiu um sistema para recolhimento de lixo com componentes perigosos. O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) disponibiliza 13 pontos para entrega de pilhas e baterias, espalhados por várias regiões administrativas do DF.

Elaine Nolasco lembra que o risco trazido pelo descarte inadequado de pilhas, baterias e lâmpadas está relacionado aos metais pesados presentes na composição desses produtos – desde lítio até mercúrio. “Pode haver contaminação do solo e do lençol freático”, diz.

A Lei n° 12.305 estabelece, de forma genérica, que quem infringir as regras da Política Nacional de Resíduos Sólidos pode ser punido nos termos da Lei n° 9.605/1998, também conhecida como Lei de Crimes Ambientais. Assim, elas podem ser denunciadas às delegacias de meio ambiente das cidades ou ao Ministério Público.



Veículo: DCI


Veja também

Marcas propõem tecido feito de banana e cana-de-açúcar

O Move (Movimento pela Livre Escolha), que representa marcas como Nike, Adidas e Puma, ofereceu ao governo o desenvolvim...

Veja mais
Cresce a procura por selos de certificação

Aumenta a quantidade de fabricantes que corre atrás de selos de eficiência energética. No ano passad...

Veja mais
Eletrodomésticos classe A consomem até 50% menos

Não basta apenas lançar eletrodomésticos com linhas arrojadas e preço competitivo. Fabricant...

Veja mais
Gincana de reciclagem faz Tang ganhar participação de mercado

Uma série de ações voltadas para seu público-alvo — crianças da classe C de 8 a...

Veja mais
O PET invade as gavetas

Os móveis da Todeschini estão sendo produzidos de forma mais ecológica desde o início do ano...

Veja mais
Agricultor devolve 94% das embalagens de agrotóxicos

"Atingimos a maturidade do sistema", garante o presidente-diretor do Instituto Nacional do Processamento de Embalagens V...

Veja mais
Brasil é referência na destinação de embalagens vazias

  Atualmente, 94% do total de embalagens são recolhidas no País O Brasil continua avançand...

Veja mais
População ignora problemas trazidos por óleo de cozinha

A Capital conta hoje com 138 postos de coleta de óleo de cozinha. Contudo, grande parte da populaçã...

Veja mais
Eletrodomésticos repaginados

Quando uma torradeira, uma tostadeira ou uma cafeteira quebram, seu destino é o lixo, correto? Bem, é isso...

Veja mais