De acordo com dados da Secretaria da Agricultura Familiar do Ministério do DesenvolvimentoAgrário, a área deve movimentar R$1bilhão durante o período do evento
O consumo de produtos que abrem mão do uso de adubos químicos para potencializar a colheita e fungicidas para eliminar as pragas hoje fica em torno de R$ 500 milhões, sendo 30% devido ao mercado interno e 70% ao externo, com crescimento anual em torno de 20%.
Mas, segundo o diretor do Departamento de Geração de Renda e Agregação de Valor da Secretaria da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Arnoldo de Campos, a expectativa é que esse número dobre durante a Copa, chegando a R$ 1 bilhão.
De olho nesse filão, desde que foi anunciado que a competição seria no Brasil, a Coopnatural, de Campina Grande (PB), que trabalha com toda a cadeia de algodão colorido agroecológico, do cultivo à fabricação de peças de vestuário, começou a estocar matéria-prima. “Esperamos ampliar nossas vendas durante o evento esportivo em 70%, e faturar R$ 200 mil mensais”, conta Maysa Gadelha, diretorapresidente da cooperativa.
Hoje, são comercializadas por mês em torno de 5 mil peças, que garantem receita de R$ 120 mil A expectativa é reforçada pelo fato de, antes da crise internacional,40% do faturamento da Coopnatural ser proveniente da exportação. “Vendíamos para 11 países, dentre eles Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Itália, Portugal e Inglaterra.”
Com a mudança no cenário, a solução foi ampliar a divulgação no mercado interno que, favorecido pelo aumento da renda e do turismo doméstico, passou a apreciar os produtos—que custam cerca de30%a mais do que os convencionais. Maysa afirma que o preço mais elevado se deve à produtividade menor do algodão agroecológico; enquanto o plantio deste resulta em 500 quilos por hectare, o do convencional chega a 5 mil quilos por hectare por conta dos agrotóxicos. Embora João Pessoa não sejaumadas cidades por onde os jogos de futebol vão passar, a exposição dos produtos será feita em Natal e Recife.
De acordocomo presidente da Associação Brasileira de Agroecologia e professor do departamento de Educação Agrícola da Universidade Federal de Santa Maria, José Antônio Costabeber, o fato de os itens agroecológicos agredirem menos omeio ambiente e gerarembenefício para a saúde pública dificilmente é reconhecido no seu preço final — mesmo com a condenação da monocultura por conta dos insumos que são produzidos industrialmente. De qualquer maneira, ele defende que, para torná-los mais acessíveis, “é imprescindível subsídio do governo”.
Veículo: Brasil Econômico