A responsabilidade social já vem sendo debatida há algum tempo. E apesar da disseminação de conceitos da área, a maior parte dos projetos desenvolvidos está centralizada em grandes companhias. As pequenas e médias empresas, porém, podem se espelhar nas ações praticadas pelas maiores e ganhar competitividade ao mesmo tempo em que implantam itens de sustentabilidade - ambiental e social - na comunidade onde estão inseridas.
Durante o Congresso Internacional de Responsabilidade Social Empresarial América Latina – União Europeia, que se encerra hoje na Fiergs, especialistas se propõem a mostrar caminhos que podem ser traçados pelas organizações de menor porte rumo ao que já vem sendo fomentado por gigantes da economia global.
Responsável pela criação da plataforma Ideia Sustentável, o jornalista e consultor Ricardo Voltolini vem mantendo uma rede de relacionamentos que conta com presidentes de 20 companhias que têm a sustentabilidade como pilar. Batizado de Líderes Sustentáveis, o movimento conta com CEOs de empresas como Santander, O Boticário, Natura, Fibria e Unilever, que representam iniciativas de peso quando o assunto é responsabilidade social. Como consultor, em 2008 Voltolini começou um trabalho de pesquisa para compreender as razões que levavam algumas empresas a avançar mais do que outras no quesito.
A pesquisa resultou no livro Conversa com Líderes, onde 10 executivos relataram sua experiência na área, o que possibilitou a constatação de pontos em comum para que consolidassem as companhias como sustentáveis. “Esses são líderes que acreditam apaixonadamente no tema, são porta-vozes da sustentabilidade”, destaca o consultor. De acordo com ele, nessas empresas há uma visão de oportunidade, e não de risco, com a implantação de ações sustentáveis, que estão inseridas nos valores e no planejamento estratégico da organização. Ele relata que os executivos ouvidos são preocupados em educar todas as partes para a responsabilidade social e comunicam isso para todos os públicos, sejam eles internos ou externos.
O presidente do conselho temático de Responsabilidade Social da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Jorge Parente, acrescenta à ideia que a ética deve estar no cerne de uma corporação. Segundo o dirigente, pesquisa recente do Sebrae nacional mostrou que 73% das pequenas e médias empresas tratam da ética informalmente, e que apenas 5% possuem um código de conduta. Parente assinala que o lucro advindo de práticas antiéticas não deve (ou pelo menos não deveria) interessar a um empresário, independentemente do porte. Isso porque a ética carrega consigo uma série de conceitos e valores que transformam cada ação da empresa em um passo mais responsável e lucrativo.
Entre os benefícios apontados por Parente está o ganho de confiança tanto dos colaboradores quanto dos clientes. Confiança esta que se traduz em cifras, já que incide na consolidação de um volume maior em contratos e acordos, baixo número de litígios e maior respeito dos parceiros comerciais. “Seja qual for o estilo de um líder, suas atitudes devem ser pautadas pela ética e pelos valores a ela associados, como honestidade, transparência e integridade”, sentencia.
Veículo: Jornal do Comércio - RS