A brasileira RCR Ambiental se associa à americana TerraCycle, de olho em um mercado que pode movimentar R$ 20 bilhões por ano
O que os brasileiros em geral consideram lixo, na verdade, se trata de um tesouro capaz de garantir até R$ 20 bilhões em negócios anualmente. Essa bolada representa o montante de recursos que deixa de ser gerado pela falta de uma política organizada de reciclagem. Apesar disso, inúmeros empreendedores já descobriram nesse filão uma chance de ganhar um bom dinheiro. É o caso da paulista RCR Ambiental, com faturamento estimado em R$ 40 milhões para este ano, que acaba de se associar à subsidiária da americana TerraCycle, que atua em 23 países com a reciclagem de embalagens pós-consumo. A fatia de 10%, adquirida por um valor não revelado pelos brasileiros, poderá chegar a 49% até o final de 2014.
“Teremos acesso a um portfólio global de tecnologias de reciclagem e reaproveitamento de resíduos”, afirma Eduardo Gomes Fernandes, CEO da RCR Ambiental. Hoje, sua principal atividade é a proteção de marcas empresariais, por meio do descarte e da inutilização de produtos de consumo com validade vencida, como alimentos e xampus, aparelhos eletrônicos danificados ou mesmo peças de roupas que sobraram em estoque e o fabricante não deseja que sejam comercializadas. Trata-se de um mercado avaliado, hoje, em R$ 500 milhões. A associação com a TerraCycle abrirá para a RCR um nicho ainda novo e que conta com grande apelo no mundo corporativo, especialmente no caso das multinacionais que vivem sob o escrutínio dos ambientalistas.
A TerraCycle, aliás, é fruto dessa mentalidade. Fundada pelo húngaro radicado nos Estados Unidos, Tom Szaky, a empresa é líder mundial em reciclagem de embalagens pós-consumo, com receita anual de US$ 20 milhões. Seu grande diferencial é a criação de um modelo de negócio diferenciado, que lhe rendeu parcerias com gigantes do porte de Colgate e PepsiCo. É que, em vez de focar na tradicional reciclagem, os técnicos da TerraCycle desenvolvem tecnologias que permitem a criação de acessórios descolados, como bolsas e guarda-chuvas, a partir de embalagens de salgadinhos, por exemplo. A parceria com a RCR permitirá que as duas empresas passem a contar com um portfólio mais completo. “Passaremos a ter acesso a um volume e uma diversidade maiores de matéria-prima”, diz Bruno Massote, presidente da TerraCycle do Brasil.
Veículo: Isto É Dinheiro