A escassez de água tem levado a um aumento na demanda por soluções de manejo sustentável desse insumo. Em São Paulo, consultorias que fazem projetos para a instalação de cisternas em empresas e residências relatam um crescimento de 20% nos pedidos desde julho.
O uso desses equipamentos para captação e reuso de água da chuva pode reduzir em um terço a necessidade de recorrer à rede de abastecimento. A economia pode justificar o investimento, acessível para empresas de pequeno porte. O valor é comparável ao que o consumidor pessoa física desembolsa para instalar equipamento semelhante em casa.
A EcoCasa, de Limeira (SP), instala cisternas de fibra de vidro, de fabricação própria, e também de alvenaria. Somente no mês de setembro, 260 indústrias e 87 residências fizeram consultas sobre preços, prazos e requisitos para a instalação. O índice de conversão dessas consultas em pedidos firmes é de 10% a 30%, diz o coordenador de marketing da EcoCasa, Hiago Vilar.
Nos seus 13 anos de existência, a consultoria já instalou 2 mil cisternas - e viu o número de pedidos avançar nos últimos quatro meses, quando as notícias sobre o nível dos reservatórios do Sistema Cantareira começaram a ganhar destaque. Desde então, essa ferramenta comum em regiões semiáridas começou a ganhar espaço também no Sudeste.
Antes, durante e depois
O que movimenta os pedidos é o raciocínio das empresas de se preparar para captar água no momento em que as chuvas voltarem, mesmo que isso só aconteça na virada do ano. O objetivo é evitar danos aos negócios com a possível repetição, no ano que vem, de um cenário de seca prolongada.
Essa preocupação fez as consultas à AcquaBrasilis, de São Paulo, crescerem no mesmo ritmo. Especializada em soluções para tratamento e conservação de água, a empresa usa nos projetos de cisternas os modelos produzidos por sua parceira Hydro International Water, de origem anglo-americana.
Com a estiagem ainda vigente na região Sudeste, as projeções da AcquaBrasilis são de que, até dezembro, a expansão do número de pedidos de cisternas alcance 25% na comparação com o ano passado.
"Esses sistemas são economicamente viáveis para empreendimentos com boa área de telhado para a captação de chuva e que estejam localizados em regiões com médios a altos índices pluviométricos", diz Sibylle Muller, diretora da AcquaBrasilis.
Requisitos
Em geral, a instalação dos modelos pré-fabricados, de plástico ou de fibra de vidro, é realizada pelas consultorias em um a dois dias. Projetos em alvenaria exigem um prazo maior, em torno de um mês.
A manutenção deve ser feita a cada quatro meses, recomendam os fornecedores. Como consiste em apenas retirar e limpar a rede que impede a passagem de insetos, folhas e outros resíduos sólidos, pode ser feita pelo proprietário.
Os preços não variam muito de uma fornecedora para outra. Para instalar um sistema desses em uma empresa de pequeno porte, o custo é de R$ 5 mil a R$ 13 mil no caso dos modelos da EcoCasa. Os projetos da AcquaBrasilis, que também atendem empreendimentos de maior porte, saem na faixa de R$ 5 mil a R$ 20 mil.
Manutenção simplificada
Recomenda-se soterrar as cisternas para evitar o contato com a luz solar constante, que pode facilitar a proliferação de algas e bactérias e comprometer a qualidade da água. O consumo não é recomendado para tomar banho, beber e lavar roupas, por exemplo.
"Os filtros purificam as partículas e eliminam bactérias", diz Vilar, da EcoCasa. "Mas, como a captação é feita pelos telhados, onde é comum passarem gatos e ratos, existe a possibilidade de suas fezes e urina serem diluídas na água, o que pode trazer riscos à saúde. Por isso, é recomendável usá-la apenas para limpeza."
Outro cuidado é nunca deixar as cisternas totalmente vazias. Isso porque o mecanismo de bombeamento depende de um nível mínimo para funcionar; "Se não houver líquido, isso pode acarretar a perda do equipamento", diz o executivo. Por isso, as cisternas contam com um sensor que mede a quantidade de água armazenada. Quando ela atinge o limite mínimo, a distribuição cessa.
Veículo: DCI