Cartão regional seduz a baixa renda

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Meios de pagamento: Com anuidade grátis, empresas locais avançam em todo o país


 
A Unik, bandeira de cartões comprada em 2004 pela Rio Bravo Investimentos, gestora de recursos do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, acaba de atingir a marca de 1,3 milhão de cartões emitidos. Focada na baixa renda e com atuação restrita a algumas regiões, a bandeira fez duas aquisições para entrar nos Estados de Minas Gerais e Bahia.

 

A Unik é uma bandeira regional e projeta crescimento de 50% para este ano. Bandeiras como essa, de atuação restrita a alguns Estados ou cidades, estão conseguindo conquistar clientes de baixa renda e veem crescendo mais que o mercado de cartões de crédito tradicional, que se expande na casa dos 20%.

 

O país já conta com cerca de 70 bandeiras do tipo. São 23 milhões de cartões, segundo levantamento da consultoria Boanerges & Cia, excluindo as bandeiras Visa, American Express, MasterCard, Diners e Hipercard (que nasceu regional, no Nordeste, mas hoje já pode ser considerada nacional).

 

São nomes desconhecidos como Plenocard, Avista, Calcard, Oboé, MinasCred, Sorocred e Carajás. A atuação está nos mais diferentes lugares, seja no Centro-Oeste (caso da Calcard), Nordeste (Oboé) ou partes do Sudeste (Avista) e Sul (MinasCred, do Paraná). Em alguns casos, as bandeiras já superaram a marca de um milhão de cartões emitidos, como a Sorocred, que nasceu em Sorocaba, interior de São Paulo e já tem mais de 3 milhões de unidades nas mãos dos consumidores.

 

Apesar de atingirem a casa dos milhões de cartões, o número ainda é pequeno quando comparado aos grandes emissores nacionais. Só a base de cartões de crédito do Bradesco é de 37,5 milhões de unidades. Mas as bandeiras regionais estão buscando um público diferente, que ainda não é atendido pelos grandes bancos e está fora do radar das bandeiras internacionais. Por isso, oferecem cartões totalmente de graça, sem cobrança de anuidade ou outras taxas.

 

Jose Roberto Kracochansky, presidente da Unik, conta que a estratégia foi procurar empresas de todos os portes e oferecer o cartão na área de recursos humanos, como um benefício ao funcionário. O empregado faz gastos na rede credenciada e a fatura é descontada em sua folha de pagamento, até o limite legal de 30% do salário. O que passar disso é financiado.

 

A Unik tem 5 mil empresas conveniadas, uma rede própria de 8 mil estabelecimentos e usa parte da rede da GetNet. O gasto médio é de R$ 30. Kracochansky diz que a empresa quer uma rede maior, mas o crescimento esbarra no custo. "O custo de usar uma rede como a da Redecard ainda é muito alto para a nossa estrutura e não compensa economicamente", diz o presidente da Unik. A Redecard tem 1,2 milhão de estabelecimentos credenciados e vem tentando atrair bandeiras menores.

 

A Cabal, com sede em Brasília, foi uma delas. A empresa tem planos de expansão nacional e quer atrair mais bancos emissores, conta Marcos Vinícius Viana Borges, superintendente geral da Cabal Brasil. Por isso, optou por fazer o acordo com a Redecard. Já a Unik optou por fechar acordo com a Tecban e permitir saques no Banco24Horas com seus cartões.

 

Outras bandeiras usam a rede da gaúcha GetNet, de 165 mil lojistas. "O volume de transações tem crescido bastante. Há bandeiras muito fortes nas suas regiões", diz José Renato Hops, presidente da GetNet. A empresa tem 21 bandeiras clientes.

 

A compra da Unik pela Rio Bravo em 2004 foi um dos primeiros movimentos de grandes investidores no setor. Em seguida, em 2007, a gestora Gávea, de Armínio Fraga, fez um aporte na Policard, do Triângulo Mineiro. O resultado da parceria não foi o esperado e a bandeira mineira recomprou a fatia. Mais recentemente, o fundo Advent fez uma aposta na gaúcha Quero-Quero. "Esse setor precisa de escala. Vejo uma consolidação semelhante ao que aconteceu com os bancos", diz Kracochansky.
 


Veículo: Valor Econômico


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