Comércio eletrônico: Faturamento em 2009 pode aumentar até 25%
O comércio eletrônico segue apresentando índices expressivos de crescimento no Brasil - estima-se que em 2009 deva registrar faturamento entre 20% e 25% superior aos R$ 8,2 bilhões contabilizados no ano passado - e as grandes redes de varejo estão aproveitando esse momento de alta para investir nas suas lojas virtuais. O objetivo é proporcionar mais interatividade com os internautas e impulsionar ainda mais as vendas.
As mudanças são motivadas não apenas pelo incremento da receita proveniente da web, mas em função também de outros indicadores que atestam o potencial dessa modalidade de transação. Dados da consultoria e-bit relativos ao primeiro semestre mostram que o tíquete médio das compras foi de R$ 323,00. Em alta por causa da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), os produtos da linha branca figuraram entre os mais vendidos pela internet nos primeiros seis meses do ano. Se a tendência de aquisição de produtos de maior valor agregado se mantiver no Natal, o tíquete médio das compras eletrônicas este ano tende a superar o tíquete médio de 2008 (R$ 328,00).
Além disso, a confiança e a satisfação dos chamados e-consumidores atingiram o patamar de 86%. Tanto que o número de pessoas que acessaram os sites ao menos uma vez para fazer compras superou os 15 milhões nos seis primeiros meses deste ano, contra 13 milhões apurados entre janeiro e dezembro de 2008. A expectativa é que o comércio eletrônico feche 2009 com mais de 17 milhões de compradores.
No ar há oito anos, o portal Extra, do Pão de Açúcar, foi repaginado e ganhou 40 novas funcionalidades para facilitar a busca por produtos, agilizando o processo de compra. Uma das inovações é um assistente virtual de compras que direciona o internauta para o produto desejado. O usuário pode fazer comentários sobre produtos e ofertas, upload de fotos e vídeos, e comparar produtos em uma mesma tela. A expectativa de Caio Mattar, vice-presidente executivo do Grupo Pão de Açúcar, é obter um crescimento de 50% nas vendas online este ano. "Os avanços acompanharam a evolução do canal, que nos seis primeiros meses do ano apresentou elevação nas vendas superior ao mercado." Segundo ele, enquanto o comércio eletrônico registrou vendas de R$ 4,8 bilhões entre janeiro e junho, que representou alta de 27% na comparação com o desempenho registrado no mesmo período do ano passado, os negócios realizados através do portal Extra evoluíram 70%.
A Lojas Colombo, que obtém através do comércio eletrônico 10% de sua receita mensal, projeta um final de ano mais aquecido que o Natal do ano passado e quer aproveitar o dinheiro injetado no mercado com o pagamento do 13º salário e as férias para expandir as vendas pelo site. A expectativa gira em torno de um volume de vendas 40% superior em relação ao mesmo período do ano passado.
Para tanto, a rede aposta na agilidade da entrega em nível nacional, garantida por três depósitos instalados no Rio Grande do Sul, Paraná e Sumaré (SP). "Como usamos o estoque de produtos da rede de mais 340 lojas, sempre temos uma alternativa de abastecimento eficiente", destaca Thiago Baisch, diretor de marketing. A rede pretende ser uma referência de compras de produtos da linha branca e de tecnologia nas regiões Sul e Sudeste neste final de ano.
Na reformulação visual de sua página de comércio eletrônico, a Lojas Colombo melhorou as condições de busca por produtos, aumentou a velocidade de acesso e a capacidade de tráfego, e está inserindo conteúdo em vídeos sobre os produtos e as oportunidades reais de compra para os consumidores das classes A, B e C.
Depois de um primeiro trimestre de estagnação nas vendas, por causa da crise econômica, o movimento no site da Lojas Colombo retomou o ritmo de atividade e deve terminar o exercício 2009 com um incremento da ordem de 25% nos negócios, superando até outros canais de venda da rede. De acordo com Baisch, o grande destaque nas vendas foi a linha branca, seguida de aparelhos de TV LCD e notebooks. O tíquete médio das compras online está próximo de R$ 800,00.
Uma das últimas entre as grandes redes varejistas a aderir ao comércio eletrônico, a Casas Bahia vem registrando crescimento médio mensal de 22% no número de visitantes desde que sua loja virtual entrou no ar, em fevereiro deste ano. A meta é que os negócios online representem 2% do faturamento da rede antes de um ano de funcionamento.
Segundo Raphael Klein, diretor de marketing da Casas Bahia, a loja virtual suporta 6 mil transações simultâneas por segundo e dispõe de um mecanismo de segurança (clear sale) que evita a ocorrência de fraudes graças ao cruzamento de informações e por causa do uso de sistemas de criptografia, que codifica os dados trafegados durante a transação.
Outra facilidade é que após a realização da compra, o internauta tem a opção de retirar a mercadoria em qualquer loja física da rede. "Esse serviço exclusivo da Casas Bahia proporciona ao cliente comodidade, segurança e, em alguns casos, economia, já que o custo do frete não é aplicado", diz Klein.
O segundo semestre é tradicionalmente o período em que o comércio eletrônico registra melhor desempenho por causa, principalmente, das datas comemorativas. As vendas realizadas entre julho e dezembro costumam representar 55% do faturamento anual do canal. As projeções da consultoria e-bit são de que as transações online vão gerar volume de negócios da ordem de R$ 5,8 bilhões no período este ano, considerando a comercialização de diversos itens, exceto passagens aéreas, automóveis e leilão virtual.
No Dia das Crianças, última data comemorativa antes do Natal, o comércio eletrônico faturou R$ 450 milhões, com alta de 25% em relação ao valor registrado no mesmo período de 2008 e muito mais que o dobro do desempenho apurado em 2006, quando os negócios atingiram R$ 196 milhões.
O bom desempenho do comércio eletrônico tem sido influenciado também pela redução do IPI que incide sobre eletrodomésticos. Em vigor desde abril, o benefício reduziu consideravelmente os preços e contribuiu para a grande procura por produtos da linha branca na internet. A categoria, que historicamente entre a quarta e a quinta posição na preferência dos consumidores alcançou o segundo posto entre os itens mais vendidos na internet.
Veículo: Valor Econômico