O comércio eletrônico (e-commerce) no Brasil, que faturou cerca de R$ 10 bilhões em 2009 e deve crescer cerca de 25% este ano, segue o perfil de segmentação, com marcas e clubes de compras -como Sack's, Glamour e Privalia- em busca de espaço e de se tornarem populares, ao manter uma base fiel de clientes e vendas de alto tíquete médio. Varejistas de vestuário, como Marisol, também começam a entrar no e-commerce, o que mostra no mercado brasileiro a busca pela semelhança com outros mercados na área, como o norte-americano, onde roupas estão entre os artigos mais vendidos via internet.
Buscar nichos para trabalhar na internet é o que está fazendo o Grupo DotCom, detentor das marcas Sack's (que comercializa perfumes e cosméticos) e Glamour (de artigos de moda de luxo), a manter acentuadíssimo crescimento: a Glamour deve crescer 100% este ano sobre o de 2009 e estuda a criação de novas marcas, ou um clube de compras (sites nos quais é preciso cadastrar-se para poder comprar e ter acesso a descontos em produtos de grife), conceito que se tem tornado mais popular no Brasil. De acordo com Alexandre Icaza, um dos diretores do grupo, a marca antiga, a Sack's, superou metas em 2009 e tem projeção de alta de 30% este ano. Agora, a aposta é que o Glamour, que tem três anos, se torne um site agressivo, pois hoje representa 10% do faturamento total do grupo e deve fechar este ano com 15% da fatia. A empresa ampliou sua verba de marketing em 20% este ano. "Não adianta lançar um site que vende de tudo e vai brigar por margens mínimas frente a grandes players; escolhemos segmentar na Glamour também", diz.
Segundo o diretor, muitos clientes da Sack's se tornam compradores, e a empresa possui uma base 700 mil clientes. "As duas marcas compartilham parte dessa base e este ano devemos chegar à marca de 1 milhão de clientes." Na marca de vestuário, o tíquete médio também é mais alto do que na Sack's, em que o valor médio das compras está entre R$ 180 e R$ 190. "Na Sack's a recorrência dos clientes é maior do que a do Glamour, em que o tíquete médio e as compras são maiores, mas mesmo sua recorrência também nos surpreendeu: o cliente se torna fiel, acompanha lançamentos e muitas vezes está em cidades onde não encontra as mesmas grifes em lojas", explica.
Com o sucesso, o Grupo já estuda a criação de novos sites: "Pesquisamos o segmento de clube de compras, mas não é o caso da Glamour, que até é um pouco híbrido. O clube ainda pode ser a solução para o varejista e a marca que quer escoar mercadorias que não saem no varejo tradicional", diz. Se o grupo se tornar uma holding, ao operar mais marcas, poderia entrar em outros países.
Território
O Privalia, clube de compras on-line criado em 2006 na Espanha, já opera em Portugal e no Brasil e está crescendo em território nacional, devendo entrar, ainda no começo deste ano, no México, além de estudar outros países da América Latina.
Segundo André Shinohara, CEO do Privalia no Brasil, o País é o mercado-alvo da companhia, onde acredita que número de usuários da internet, cerca de 60 milhões, tenha potencial de triplicar rapidamente, assim como o número de e-consumidores. Recentemente a companhia fez, no exterior, uma captação de 8 milhões de euros, grande parte dos quais pode ser investida aqui. "O Brasil tem potencial e boa oferta de marcas e de produção local. A nossa expectativa é de que em três anos esta seja a nossa maior operação; hoje é a terceira, pois estamos há apenas um ano."
Hoje, o site possui 800 mil sócios e espera chegar a 2 milhões este ano. "Estamos crescendo mês a mês; muitos ainda não conheciam o modelo e temos agradado." Para o executivo, o Brasil vive uma segunda onda de crescimento do e-commerce, sendo que as últimas grandes varejistas físicas já entraram no mercado - apenas Carrefour deve entrar este ano: a empresa acredita que o modelo de clube de compras é complementar e não conflita com modelos tradicionais.
Em relação à concorrência com outros clubes de compras que atuam no Brasil, como Brand's Club e Superexclusivo, afirma ser líder de tráfego e já ter camada de sócios relevante.
Os números do setor têm estimulado redes tradicionais de vestuário -comoHering- a entrar no segmento; outra que afirmou recentemente que irá ter lojas virtuais de todas as suas marcas é a Marisol, rede que hoje tem uma loja virtual da One Store que afirma ter faturamento equivalente a uma ótima loja física, e que deve inaugurar este ano outras quatro lojas virtuais, incluindo a da Rosa Chá, por exemplo.
De acordo com informações da consultoria e-bit, que é especializada no perfil do mercado de e-commerce, segmentos como Moda e Acessórios, Esporte e Lazer e Joalheria começam a ocupar maior espaço no setor.
Veículo: DCI