Varejo eletrônico esbarra em dúvidas sobre a segurança

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A movimentação do varejo eletrônico (e-commerce) deve chegar a R$ 13,8 bilhões em 2010, 30% a mais do que no ano passado. No entanto o número está aquém do potencial do mercado, segundo a consultoria Site Blindado, e o principal gargalo deste mercado é a segurança. As vendas via web atingem apenas 25% dos internautas - cerca de 17,6 milhões dentre 70 milhões de usuários no País.

 

A percepção de segurança numa transação via internet pode representar, no mercado brasileiro, um aumento de 15% no número de vendas e cerca de 8% no valor das compras, demonstra Maurício Kigiela, diretor da Site Blindado. "Para usuários que demoram mais a efetivar as compras [que também são os que gastam mais nas compras], o aumento chega a 18% nas transações em que percebem itens de segurança na página", afirma.

 

"A insegurança por ataques representa cerca de 35% dos motivos pelos quais um usuário não efetua uma compra pela internet", acentua Kigiela.

 

"O consumidor prefere pagar um pouco mais caro a sentir-se inseguro", revela o executivo. A máxima vai ao encontro do que percebe Renann Fortes, coordenador de projetos da Braspag, empresa de softwares e segurança para e-commerce que atende a cerca de 1,2 mil lojas que vendem virtualmente no País. "O pequeno lojista às vezes tem o melhor preço, mas não consegue fazer transparecer segurança e acaba perdendo a venda para grandes varejistas", afirma Fortes. A Braspag, empresa do grupo Silvio Santos, viu movimentar através de seu sistema de integração de formas de pagamento, mais de R$ 8,9 bilhões no comércio eletrônico em 2009.

 

Segundo o diretor da Site Blindado, que fornece certificados de segurança também à Braspag, cerca de 80% dos sites brasileiros de e-commerce apresentam brechas e podem sofrer ataques. Do total dos sites, segundo Kigiela, 40% já foram efetivamente atacados. "Nos próximos três a quatro anos, a tendência é de que esta vulnerabilidade caia a 50% dos sites brasileiros, um índice próximo ao dos Estados Unidos da América hoje", afirma o executivo.

 

Infraestrutura

 

A infraestrutura de TI, que atrai investimentos crescentes das empresas que lançam produtos e serviços na web, é um dos maiores investimentos da empresa de serviços de entretenimento O Melhor da Vida, que aporta anualmente cerca de R$ 2 milhões em sistemas e em infraestrutura para suportar a movimentação via internet, que responde por 80% de suas vendas.

 

Jorge Nahas, presidente da empresa, diz que neste mercado a atualização de infraetrutura precisa ser feita semestralmente para suportar a crescente da demanda que desfruta do maior índice de satisfação já registrada no mercado virtual brasileiro. Segundo a consultoria e-bit, 85% dos internautas brasileiros que fazem compras pela web se declararam satisfeitos com as compras.

 

Satisfação e segurança, no entanto, não parecem andar na mesma direção, uma vez que a porcentagem de internautas que participam deste universo é bastante inferior à de usuários que não usam a internet nem para transações bancárias ou comerciais. Ao todo, dos 70 milhões de usuários brasileiros, apenas 40 milhões fazem transações bancárias, e, destes, 17,6 milhões compram via web, segundo o diretor da consultoria Site Blindado, Mauricio Kigiela.

 

E-commerce

 

O MercadoLivre, uma das maiores plataformas de comércio eletrônico da América Latina, investe na expansão de sua operação e começa a atuar em Portugal esta semana. O Brasil pode ser a porta de entrada para a companhia ampliar a sua presença no mercado europeu. Hoje, o MercadoLivre está presente em 12 países da América Latina.

 

Segundo o COO da empresa, Stelleo Tolda, já havia intenção de expandir há um ano e cinco países foram estudados: "E Portugal é um mercado já maduro, quase metade da sua população tem acesso à internet por banda larga, além de apresentar crescimento médio de 20% no número de compradores na internet". Da população de 10,6 milhões de habitantes, metade acessa a internet e 46,2% o fazem por banda larga.

 

O MercadoLivre já tentou entrar na Europa anteriormente, chegando a ter uma operação na Espanha, mas voltou atrás ao fazer um acordo de 2001 a 2006 com o E-Bay, o maior site de compra e venda do mundo. O acordo previa que o E-Bay não poderia entrar na América Latina se o MercadoLivre não entrasse na Europa. Com a mudança de estratégia, isso poderia abrir as portas para o E-Bay explorar novos mercados no continente, o que mudaria o cenário do e-commerce nacional.

 

Em 2009, o MercadoLivre comercializou US$ 2,75 bilhões: 9 milhões de usuários compraram 29,5 milhões de produtos - uma alta de 39% sobre o ano anterior.

 

Veículo: DCI


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