Venda de produtos relacionados à tecnologia da informação, como celulares e computadores, gerou R$ 3,8 bi no atacado e R$ 3,7 bi no varejo em 2008
A explosão de vendas de eletrônicos como computadores e celulares nos últimos anos levou o segmento de tecnologia da informação (TI) a atingir a marca de 6,6% da receita de todo o varejo no Brasil. É o que revela a Pesquisa Anual de Comércio (PAC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados de 2008.
Naquele ano, o comércio de itens de informática e comunicação gerou R$ 3,8 bilhões no atacado e R$ 3,7 bilhões no varejo. A atividade ocupou 186,4 mil pessoas em 2008 e pagou R$ 1,6 bilhão em salários, um terço a mais do que no ano anterior. O segmento se destacou ainda com a segunda melhor média salarial do comércio atacadista: R$ 2,9 mil, perdendo apenas para o setor de combustíveis e lubrificantes, que pagou, em 2008, média de R$ 3,1 mil.
É a primeira vez que a PAC apresenta a categoria de TI, que não era avaliada separadamente pelo IBGE. O instituto incorporou a nova Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae) e alterou a metodologia da pesquisa, cuja defasagem de dois anos se deve à demora no fechamento dos dados fiscais e dos balanços anuais das empresas. Com isso, a pesquisa de 2008 só permite comparar com os números de 2007, recalculados sob os mesmos critérios.
De qualquer forma, a pesquisa esboça o retrato mais recente do comércio no Brasil e confirma que, no ano da crise mundial, o crescimento do mercado interno não foi alterado. Em 2008, o número de empreendimentos no comércio cresceu 7,5%, alcançando 1,4 milhão de empresas em todo o País. A receita operacional líquida (receita bruta menos tributos, perdas e descontos) delas somou R$ 1,45 trilhão, 14% a mais do que em 2007. As vagas cresceram 8,6%, somando 8,2 milhões no setor.
Incentivos. Segundo Fábio Carvalho, técnico da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, a trajetória de expansão do crédito e aumento da renda que vinha impulsionando o comércio em 2008 foi mantida após a crise com as medidas anticíclicas do governo, agregando incentivos fiscais que se mantiveram em 2009.
"Em 2008, a economia vinha com um crescimento muito forte, desde 2006. O efeito da crise só começou a aparecer no último trimestre de 2008. Analisando os números da pesquisa, não houve um reflexo muito grande. A economia se expandiu e não houve um impacto no resultado do ano como um todo", avaliou.
A receita operacional líquida do comércio varejista cresceu 15,6% em relação a 2007, somando R$ 576,8 bilhões em 2008. Já o atacado teve alta de 10,2%, com R$ 649,6 bilhões. Isolado das duas categorias, o comércio de veículos, motocicletas e peças puxou a alta do comércio em 2008, com 21,8%, atingindo receita líquida de R$ 229 bilhões.
O setor de hiper e supermercados continuou, em 2008, a responder pela maior parcela de empregados (860.639), 14,4% de todo o varejo, e pela maior massa salarial do setor (R$ 8,3 bilhões), 10% de todo o comércio, mas pagaram salários baixos: R$ 740, em média. A melhor média salarial do comércio é do atacado de combustíveis e lubrificantes: R$ 3.131 em 2008. Para Juliana Vasconcellos, gerente de análise do IBGE, a complexidade e a grande variedade dos produtos comercializados no setor de combustíveis e de TI requerem pessoal mais qualificado. "Demandam trabalhadores com conhecimento específico."
Embora o varejo represente 90% do número de empresas do comércio, o atacado responde ficou com a maior parcela da receita do setor: 44,6%. O varejo respondeu por 39,6% e o setor de automotores e peças, por 15,8%.
PRESTE ATENÇÃO
1. Mais empregados e pior remuneração. Os hiper e supermercados são os estabelecimentos que empregam mais e que têm a maior massa salarial do setor, mas pagam salários baixos.
2. Top no ranking. O segmento de tecnologia de informação (TI) e o atacado de combustíveis são os setores que têm as melhores remunerações.
Veículo: O Estado de S.Paulo