A Cielo e a MasterCard anunciaram ontem parceria comercial que permite que os terminais de pagamento da Cielo aceitem cartões de bandeira MasterCard a partir de 1° de julho. "Estamos prontos para essa operação a partir de 1° de julho. São investimentos de R$ 140 milhões ao longo de 2010, sendo R$ 39 milhões investidos no primeiro trimestre", declarou o presidente da Cielo, Rômulo Dias. "O lojista terá mais opções", completou, em seguida, o presidente da MasterCard no Brasil, Gilberto Caldart.
"Não há nenhum custo adicional para o lojista. Ele apenas terá de solicitar à Cielo a opção de trabalhar com a MasterCard, e nós iremos ativar a telecarga remotamente", explicou Rômulo Dias, depois do anúncio oficial feito ontem em São Paulo.
"Estamos comprometidos e prontos para operar multibandeira a partir de 1° de julho", completou o executivo da Cielo.
"Acreditamos que as mesmas características que fizeram da Cielo a maior empresa de adquirência da América Latina e a quinta do mundo serão fundamentais para o crescimento da MasterCard no País", considerou o presidente da Cielo.
Sobre a atuação de sua companhia no Brasil, falou dos resultados do primeiro trimestre. "No primeiro trimestre deste ano capturamos R$ 59 bilhões em nossos terminais", afirmou Dias.
"A Cielo já processa 7% do PIB brasileiro e devemos ir para 8% do PIB", vislumbrou Dias.
Durante a coletiva à imprensa, o executivo falou do novo posicionamento geográfico da MasterCard. "Com a parceria, a bandeira MasterCard deve chegar a 98% dos municípios brasileiros." Dias chamou a atenção para o maior alcance que a bandeira terá. "A MasterCard estava muito centrada nas Regiões Sul e Sudeste e agora assegura a presença em nossa rede nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste."
O presidente da MasterCard, Gilberto Caldart, avaliou como muito positiva a nova abrangência. "A bandeira MasterCard vai ser aceita em 100% dos terminais", disse Caldart, referindo-se ao fato de a empresa ao completar a parceria com a Cielo, também ter acesso aos terminais da RedeCard e do Santander. "Vamos levar essa capacidade a todos os emissores, garantindo a aceitação em todo o território brasileiro", vislumbrou Caldart.
O presidente da MasterCard também previu que o uso do cartão deve continuar crescendo. "Atualmente, o uso do cartão alcança entre 22% e 23% do consumo das famílias, e acreditamos que nos próximos 3 a 5 anos deve alcançar entre 40% e 45% do consumo das famílias, a exemplo dos países desenvolvidos", projetou o executivo.
Sobre o crescimento da MasterCard no mercado brasileiro este ano, Caldart adotou o discurso clássico: "em velocidade superior à do crescimento da economia brasileira".
"Trabalhamos para que o volume de transações cresça e para que mais segmentos da economia aceitem cartões, como os setores de educação, saúde e transportes", afirmou Caldart, sobre as iniciativas da companhia.
O presidente da Cielo aproveitou o momento para citar uma iniciativa para o segmento de saúde. "Temos o POS [terminal] comunitário, que permite que vários médicos e profissionais de saúde possam usar um mesmo terminal num hospital, diminuindo o custo das operações", sugeriu Dias.
"Com a entrada de um novo adquirente para a MasterCard, todo o mercado ganha", avalia o presidente da bandeira. "A parceria com a Cielo tem o potencial de ampliar nossa rede de aceitação e, com isso, oferecer mais conveniência aos portadores", argumenta Gilberto Caldart.
O presidente da MasterCard menciona a competitividade do setor. "Além disso, a abertura de mercado estimulará a criatividade e a inovação no desenvolvimento de novos produtos e serviços". E previu: "Isso contribui para acelerar a substituição do cheque e do dinheiro por um meio de pagamento muito mais seguro e conveniente".
Ele também falou do futuro tecnológico do mercado. "Estamos investindo em tecnologia para pagamento móvel via celular e no pagamento com cartão por aproximação."
Rômulo Dias, da Cielo, resumiu a questão tecnológica. "A tecnologia já existe e a indústria brasileira de cartões está muito adiantada em relação à dos demais países". O presidente da Cielo avaliou a questão comercial. "Estamos buscando soluções para o uso do celular como meio de pagamento e soluções por aproximação", assegurou Dias.
"A inovação sempre foi um dos principais objetivos da Cielo para facilitar o dia a dia dos estabelecimentos comerciais, dos consumidores e dos bancos", argumentou Dias. De acordo com o executivo, a Cielo investe em soluções para correspondentes bancários, recarga de celular, plataformas promocionais e POS comunitários.
Quanto às questões tecnológicas que envolvem o início da nova parceria, a Cielo informou que o desenvolvimento de sistemas e os testes já foram efetuados com sucesso.
Dias abordou a questão da segurança ao implantar a infraestrutura de comunicação com a nova bandeira. "Temos rígidos procedimentos para autorização de vendas, a Cielo é de referência mundial em segurança e prevenção à fraude, sendo a empresa mais confiável de meios de pagamento do Brasil", garantiu Dias.
O presidente da Cielo frisou que a rede credenciadora permite que ela opere com 99,995% de índice de disponibilidade. "Para chegar aos 99,996% é preciso muito dinheiro", comentou.
Questionado pelo DCI sobre a regulamentação do setor estudada pelo governo, Caldart, da MasterCard, foi cauteloso. "Somos amplamente favoráveis à competição que busca a evolução da indústria", condicionou. "Apoiamos a abertura de mercado e a autorregulação, um processo que está sendo conduzido pela Abecs [Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços]."
Rômulo Dias, da Cielo, comentou que o setor está atendendo às demandas do governo. "Os pontos pedidos pelo governo estão sendo atendidos pela indústria de cartões." E citou exemplos de disponibilidade e de capilaridade: "Desde a formação de uma bandeira nacional, como a Elo, como também à possibilidade de as máquinas aceitarem todos os tipos de bandeira", avaliou Rômulo Dias, da Cielo.
Novas parcerias
Ambos os executivos avaliam outras parcerias no mercado brasileiro. "Recentemente firmamos uma parceria com o HSBC, e seguimos a estratégia multibandeira", declarou Dias, da Cielo. "Existem conversas com o mercado de adquirentes e existem discussões com os potenciais entrantes, principalmente os direcionados a certos nichos", admitiu Caldart.
Veículo: DCI