Os lojistas de Belo Horizonte estão repassando a redução de custos, decorrente da unificação das máquinas de cartões de crédito e débito, para o preço final das mercadorias. Na Capital, o acréscimo da taxa em alguns produtos no varejo já recuou até 6 pontos percentuais após o início das operações conjuntas de cartão.
Pouco mais de dois meses após a unificação do sistema das máquinas leitoras, que passaram a receber cartões de qualquer bandeira, os comerciantes contabilizam benefícios. Ao escolher uma operadora apenas - já que cada aparelho é alugado -, entre Cielo, para bandeira Visa, e Redecard, usada para Mastercard - os lojistas estão optando por ficar com a administradora que oferece a menor taxa ou o menor valor do aluguel do aparelho.
O índice de queda no custo das operações depende de negociações. De acordo com a coordenadora de finanças da Ideale, loja de calçados masculinos e femininos com oito unidades na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Amanda Aparecida da Silva Rodrigues, o preço ao consumidor tinha acréscimo médio de 8% decorrente das taxas cobradas pelas operadoras de cartões. Esse valor caiu para 2% após a unificação das máquinas, ou seja, 6 pontos percentuais sobre o preço final médio dos produtos.
"A medida foi muito boa em função das taxas terem sido significativamente reduzidas. Dessa forma conseguimos melhorar a margem de negociação, ampliando nossa competitividade perante os nossos concorrentes. Assim estamos conseguindo vender mais", afirmou.
De acordo com o diretor da Rafa’s, com quatro lojas em Belo Horizonte que comercializam calçados masculinos e femininos, Carlos Wandenberg, o preço final das mercadorias nos estabelecimentos caiu em média 3 pontos percentuais desde a unificação das máquinas. As taxas cobradas pelas operadoras representavam até 6% no valor dos produtos, margem que caiu para 3%.
Ele avalia que a iniciativa foi positiva tanto para os empresários quanto para os consumidores. "Em um primeiro momento, pode ser que os nossos clientes não sintam a diferença, mas o resultado tende a ser cada vez mais significativo para os consumidores. Com margem de negociação maior, estamos mais competitivos", avaliou.
Wandenberg lembrou que aproximadamente 70% das vendas são realizadas através do "dinheiro de plástico". "Havia uma incompreensão muito grande por parte das operadoras, que cobravam taxas altíssimas. Agora, com a concorrência, o mercado está evoluindo e ficando, de certa forma, mais justo", avaliou.
Agilização - Conforme o gerente da loja da avenida Afonso Pena, na região central de Belo Horizonte, da Pé de Mulher, Sartório Dias Gomes, a unificação não só reduziu o preço dos produtos como simplificou os procedimentos comerciais da rede, que possui sete unidades na Capital. "Dessa forma o trabalho dos lojistas foi facilitado em todos os sentidos, principalmente na efetivação do pagamento, que ficou mais ágil", disse.
Apesar de não precisar o percentual de redução de custos, Gomes disse que o preço final dos produtos realmente tende a cair. "Com a redução das taxas cobradas nas operações com cartões pretendemos efetivamente reduzir custos para vender mais", disse.
Pesquisa divulgada recentemente pelo Sindicato dos Lojistas de Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), em parceria com a Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio Minas), revelou que 76% dos lojistas da Capital reduziram em 40% o valor do custo operacional com as máquinas unificadas.
Conforme informações do Sindilojas-BH, o número, embora representativo, ainda é baixo, mas tende a ampliar já que muitos lojistas ainda não aderiram à unificação, o que está ocorrendo gradativamente.
Veículo: Diário do Comércio - MG