Considerado pelos lojistas como uma alavanca para o comércio, o cartão de crédito continua sendo o principal meio de pagamento dos consumidores da Capital. Pesquisa realizada pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) constatou que em setembro, 68% das vendas a prazo foram pagas com o "dinheiro de plástico", um recuo de 2% em relação ao mês anterior.
Independentemente da redução, os meios eletrônicos são hoje as principais ferramentas para efetuar pagamentos, sobretudo porque permitem o parcelamento da dívida. Prova disso é que em setembro somente 30% dos consumidores optaram por quitar suas compras à vista (cartão de débito, dinheiro ou cheque).
Segundo a gerente do Departamento de Economia da Fecomércio Minas, Silvânia de Araújo, a liderança dos cartões é atribuída à agilidade e praticidade necessárias no dia a dia. Já a queda observada em setembro ante o mês anterior pode ser explicada pela ausência de uma data comemorativa no período, o que reduz o consumo. Em agosto, mais pessoas foram às compras devido ao Dia dos Pais.
Além disso, Silvânia de Araújo diz que os resultados da sondagem refletem uma preocupação dos consumidores em diminuir o uso de meios que impulsionam os gastos. "A busca de disciplina no uso do cartão de crédito é uma forma de atingir o equilíbrio orçamentário", explica. Ela acrescenta que a queda de 2% simboliza também uma preparação dos consumidores para as compras de fim de ano.
Na contramão está a utilização dos cartões de crédito próprios, que avançou e atingiu 8% em setembro contra 7% em agosto. Com isso, os meios eletrônicos foram responsáveis por 76% das operações efetuadas no varejo durante o período.
Na comparação com igual mês de 2010, o uso do "dinheiro de plástico" aumentou em seis pontos percentuais. Já a participação dos cheques pré-datados caiu de 24% para 14% e a dos boletos saltou de 6% para 10%.
Quanto ao parcelamento, 83% dos consumidores optaram, em setembro, por dividir as compras entre três e seis vezes. No mês anterior, esse índice foi de 76%. Para a gerente da Fecomércio Minas, o aumento pode ser explicado pelas liquidações e pela proximidade das datas comemorativas, sendo que o prazo tem grande peso no processo de decisão dos compradores.
De acordo com os empresários consultados pela entidade, 30,3% das compras foram divididas em três vezes. Em seguida, aparecem seis e quatro parcelas com, respectivamente 23,7% e 14,3%.
Dos lojistas entrevistados, 96% trabalharam com cartão de crédito em setembro. Para eles, a recusa do "dinheiro de plástico" limita os negócios e compromete a imagem do estabelecimento. Os comerciantes disseram ainda estimular o uso dos cartões para minimizar os riscos dos cheques sem fundo.
Com isso, o percentual das compras efetuadas com cheques pré-datados caiu de 22% em agosto para 20% em setembro. Considerando o período de um ano, a redução foi de 17 pontos percentuais. Dos consultados, 20% aceitaram esse tipo de pagamento em setembro.
Dos cheques recebidos durante o período, 3% eram sem fundo, índice acima dos 2% observado nos três meses anteriores, mas abaixo dos 5% de setembro de 2010. De acordo com Silvânia de Araújo, o pequeno aumento não é preocupante, especialmente se comparado à participação dos "borrachudos" nos anos anteriores. Em janeiro de 2009, por exemplo, 12% dos cheques recebidos no comércio da Capital não tinham lastro.
Exatamente para reduzir a inadimplência, 59% dos lojistas consultados não aceitam esse tipo de pagamento. As outras ações mais citadas pelos empresários para evitar o calote foram a utilização de cadastro de clientes (17%) e prioridade no uso de cartão de crédito (7%).
Atualmente, os índices de inadimplência estão relativamente estáveis, chegando a 5,9% no caso da pessoa física, conforme a Pesquisa de Endividamento do Consumidor (PEC) da Fecomércio Minas.
Veículo: Diário do Comércio - MG