Sites ampliam mix, ensinam a medir tamanhos e aceleram a entrega

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Vestir-se mal por falta de tempo de comprar roupas não é mais uma desculpa aceitável. Não diante dos vários avanços que o varejo on-line de moda vem conseguindo nos últimos anos. Comprar qualquer item de vestuário, de vestido habillé à mochila esportiva, virou uma tarefa que não toma mais do que 15 minutos. E todos os "senões" foram caindo por terra. A variedade não é mais um impeditivo, uma vez que a oferta de grifes cresce a cada dia. Somente o site Farfetch, de origem inglesa e com filial no Brasil há um ano, comercializa mais de 500 marcas internacionais e mais de 60 nacionais.

O problema da numeração foi superado por tabelas de medidas e passo a passo para ensinar o consumidor a medir as próprias roupas. A questão do tempo de entrega também parece resolvida por investimentos em logística e em novos centros de distribuição. O site brasileiro Glamour, por exemplo, montou um centro de distribuição em Palmas (TO), de onde envia mercadorias para qualquer lugar do Brasil em até cinco dias úteis. E até o velho medo de não ficar satisfeito com a compra não se justifica mais: a grande maioria das lojas de vestuário on-line, incluindo o Farfetch, o Glamour e o Brandsclub, pratica a política de devolução de produtos gratuitamente. E muitas simplesmente devolvem o dinheiro se o consumidor assim o quiser.

Essa nova realidade já pode ser sentida nos números: "O comércio eletrônico movimenta R$ 15 bilhões e vai crescer 30% este ano. Em 2010, 23 milhões de pessoas compraram on-line. Este ano já são 32 milhões", diz Daniel Funis, diretor-geral do Farfetch, no Brasil, que está em Portugal para apresentar às empresas europeias os números brasileiros. O Farfetch surgiu em 2008, na Inglaterra. Em 2009 montou operação nos Estados Unidos.

O Farfetch opera num sistema chamado de "market place", ou, em outras palavras, como um shopping center virtual, exibindo os produtos de várias lojas e marcas. Não tem estoque próprio. Quando a venda é feita, o site importa as peças da loja estrangeira. O consumidor paga pelo artigo um preço que inclui as taxas de importação. "As taxas são altas. Os artigos chegam aqui custando o dobro", diz Funis.

O faturamento mundial do Farfetch deverá chegar a US$ 38 milhões neste ano. Durante o mês de novembro, o Farfetch vai promover, na página brasileira, uma venda especial de artigos vintage da Chanel, oriundos de brechós de várias partes do mundo. "Resolvemos nossos problemas de logística e hoje conseguimos entregar artigos importados em até seis dias corridos", diz Funis.

O brasileiro Glamour, que fechará o ano com R$ 15 milhões de faturamento, projeta um crescimento entre 50% e 70%, para 2012 (no último ano, o crescimento foi de 85%). Lançada há três anos, a loja de departamentos on-line tem mais de 15 mil produtos de mais de 50 grifes nacionais e internacionais. Recentemente, o Glamour passou a ser o primeiro ponto de venda on-line, no Brasil, da marca americana de jeans 7 for All Mankind. O site também detém a exclusividade da comercialização da marca espanhola Desigual e da americana Hudson Jeans. Ainda este mês, o Glamour passa a vender os jeans da americana G-Star. "Temos um baixo percentual de devolução: em torno dos 5%", diz Alexandre Icaza, sócio-diretor do Glamour. Ele foi um dos sócios da perfumaria on-line Sack's, vendida ao grupo LVMH.

Para 2012, os planos de Icaza incluem a adesão ao site de outras dez marcas e a ampliação do departamento infantil. Atualmente, as vendas são equilibradas entre homens e mulheres. Elas preferem as bolsas enquanto eles compram mais camisas polo e camisetas. "Nosso maior faturamento vem das capitais, mas vendemos até para o interior do Amazonas".

Com o formato de clube de compras e produtos que podem ter até 90% de desconto, o Brandsclub reviu sua estratégia. "Investimentos num sistema de atendimento ao consumidor e em logística", diz Kai Shoeppen, novo CEO do Brandsclub. Funciona assim: o site faz uma campanha de vendas que dura seis dias. De posse das vendas efetuadas, o site envia o pedido às grifes, que disponibilizam os produtos para que o site os envie aos consumidores. O recebimento ocorre entre dez e 15 dias. "O tempo é maior porque o estoque não é nosso. Mas é também por essa razão que conseguimos vender ainda mais barato", diz Shoeppen. Os artigos já trazem descontos definidos pelas grifes. O site acrescenta cerca de 5% a mais na redução, por conta da estrutura enxuta. "Fazemos uma espécie de democratização das grifes, mas sem o risco de popularizá-las demais, uma vez que as campanhas de venda são de curta duração".


Veículo: Valor Econômico


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