Comércio eletrônico é nova frente de batalha para Google

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O Google estreou ontem no Brasil o Google Shopping, serviço de busca e comparação de preços de produtos. O lançamento faz parte da estratégia da companhia de reforçar a sua oferta de serviços voltados para o comércio eletrônico. A companhia vem empreendendo esforços nos últimos anos para reduzir a sua dependência em relação à publicidade digital, que atualmente representa 96% de sua receita global.

O Google Shopping já havia sido lançado nos Estados Unidos, na Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Espanha, Holanda, Austrália e no Japão. Além do Brasil, o serviço também foi inaugurado ontem na Suíça. "Atualmente, o comércio eletrônico está no centro da nossa estratégia", afirma Lucia Tahara Le Menn, gerente global de parcerias estratégicas de varejo do Google. Outra divisão em que a companhia tem investido fortemente é a de serviços voltados à mobilidade.

O Google não divulga o número de empresas cadastradas no Brasil. Lucia diz que grandes varejistas já ofertam produtos no site, entre elas o grupo Nova Pontocom, criado a partir da associação entre Grupo Pão de Açúcar e Casas Bahia, Carrefour, Magazine Luiza, Netshoes, Marisa, Fnac e B2W, dona de marcas como Submarino, Americanas.com e Shoptime.

"O objetivo do lançamento é atrair também os sites de comércio eletrônico pequenos e médios", diz Lucia. No mundo, pouco mais de 200 mil empresas já se cadastraram no Google Shopping, totalizando uma oferta de 1 bilhão de produtos.

O serviço foi lançado gratuitamente para as varejistas. De acordo com Lucia, a expectativa é que o Google Shopping atraia um número maior de internautas, o que vai se reverter, futuramente, em ganhos nas vendas de anúncios e links patrocinados no site de buscas.

As redes de varejo fazem o cadastro em um site específico e inscrevem os produtos com preço, foto, descrição, código de barras, entre outros dados. A empresa decide com que frequência pretende fazer a atualização de produtos e preços, que pode ser diária ou várias vezes por dia.

Para atender à demanda do mercado brasileiro, companhia acrescentou no comparador dados de vendas a prazo

No caso do Brasil, onde a ferramenta foi desenvolvida por quase dois anos, a companhia também acrescentou informações sobre pagamentos a prazo e valor das parcelas. "Em outros países a informação que importa é o preço à vista, mas depois de pesquisar o mercado, observamos que os dados de parcelamento importam bastante para o internauta brasileiro", diz Lucia.

Para o internauta, o serviço funciona, por enquanto, como uma ferramenta no menu do site de buscas principal do Google, como mapas e imagens. "Em breve a busca por produto se tornará automática", afirma a gerente. Ao fazer a pesquisa por um produto no Google Shopping, o internauta recebe uma lista de ofertas, contendo detalhes do produto, preços e lista de lojas mais próximas. Os resultados são exibidos na página de busca, em vez de abrir novas telas, como é feito em outros sites de comparação.

O desenvolvimento de ferramentas voltadas ao comércio eletrônico é uma das principais frentes de batalha do Google para diversificar as suas fontes de receita. Em setembro, a companhia já havia anunciado um serviço de busca e reserva de passagens aéreas e de hospedagem, lançado nos Estados Unidos e em fase de desenvolvimento no Brasil.

Globalmente, uma das ações mais representativas da companhia na área de comércio eletrônico foi a compra do site compras americano Dealmap, para competir diretamente com o Groupon, que o Google tentou adquirir em 2010, por US$ 6 bilhões. No mês passado, a companhia também adquiriu a empresa Zagat, uma das mais conhecidas e renomadas em avaliação e análise de restaurantes ao redor do mundo. Em 2010, o Google também comprou o site Like.com, por US$ 100 milhões e lançou o Boutiques.com, voltado para a oferta de roupas e acessórios por estilistas de moda.

Marcelo Silva, analista de mercado da consultoria Frost & Sullivan, considera que a aquisição de empresas como a estreante de tecnologia NFC Zetawire, em 2010, e o site de compras coletivas alemão DailyDeal "demonstram claramente as agressivas iniciativas tomadas pelo Google para entrar em novos mercados".

O analista ressalta a criação do serviço de pagamento móvel Google Wallet (ainda não lançado no Brasil), do site de buscas para passagens aéreas Flight Search e do serviço de comparação de preços Google Shopping como sinais mais representativos do interesse da companhia em voltar-se para serviços de comércio eletrônico.

Silva observa, no entanto, que os serviços lançados ainda não permitiram à empresa livrar-se da dependência da publicidade on-line. "Mesmo com iniciativas como a plataforma Android, o computador baseado na nuvem Chromebook e a rede social Google+, a variação nas receitas não oriundas de serviços de propaganda não passou de 1% nos últimos três anos", afirma.


Veículo: Valor Econômico


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