Rede social localiza devedor "perdido"

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O Facebook é a mais nova arma das empresas de cobrança para encontrar devedores considerados "perdidos". Uma pesquisa recente, apresentada com exclusividade ao Valor, mostrou que a rede social ajudou a localizar 613 inadimplentes de um grupo de 852 pessoas que já haviam sido procuradas, sem sucesso, por contato telefônico, SMS, e-mail e mala direta.

"Agora temos pelo menos alguma chance de recuperação desse dinheiro", afirma José Augusto Rezende Júnior, presidente da J.A. Rezende, empresa de recuperação de crédito que cedeu a base dos inadimplentes "perdidos" para a pesquisa. Afinal, encontrar esses devedores é o primeiro passo para tentar reaver os recursos emprestados e não quitados.

O grupo que participou do levantamento é formado por devedores de todas as regiões do Brasil, com mais de 720 dias de atraso em financiamentos de veículos, cartão de crédito, empréstimo consignado e consórcio.

O sucesso nas renegociações dessas dívidas não foi medido pois o processo ainda está no início, segundo Tatiana Pomar, aluna e autora da pesquisa de MBA do Ibmec, realizado em parceria com Instituto Geoc, que reúne as principais empresas de cobrança do país. A expectativa com o resultado, no entanto, é otimista. Tatiana conta que as chances de localização de um devedor, hoje, somente por meio dos cadastros fornecidos por birôs de crédito giram em torno de 40%. "Por aí já dá para se ter uma ideia do potencial de recuperação, só pelo fato de termos encontrado os devedores", diz.

Apesar da eficácia comprovada na localização dos devedores, o Facebook, assim como outros sites de relacionamento, ainda são uma ferramenta pouco utilizada pelas empresas de cobrança, seja para localizar, seja para notificar o consumidor inadimplente. A ideia é tentadora, mas os cobradores resistem por receio de expor o devedor e, assim, descumprir o Código de Defesa do Consumidor.

"O assunto deve ser debatido no setor e talvez seja preciso até uma regulamentação específica", defende Leonardo Coimbra, sócio-diretor do Grupo Cercred. A maior resistência das empresas de recuperação de crédito está na abordagem do inadimplente por meio das redes sociais, embora o Facebook e outros sites estejam sendo usados também de maneira "informal" na localização dos devedores. "Passamos a adotar o Facebook de forma estratégica para a localização de devedores somente a partir deste ano", afirma Rezende Júnior, que cedeu a base de inadimplentes de sua empresa para a pesquisa.

De acordo com Jair Lantaller, presidente do Instituto Geoc e sócio-diretor da empresa de cobrança NovaQuest, a primeira opção utilizada para localizar inadimplentes é o cadastro recebido das instituições financeiras ou dos birôs de crédito. "O problema é que os cadastros de tomadores de empréstimos concedidos há mais de um ano, normalmente, estão desatualizados", afirma Lantaller.

Para evitar problemas de invasão de privacidade até mesmo na hora de localizar inadimplentes - como no caso de homônimos, por exemplo -, a J.A. Rezende optou por criar uma espécie de código de ética para cobrar via redes sociais. Mensagens compartilhadas são terminantemente proibidas. E mesmo as notificações pessoais têm de passar a ideia de impessoalidade. A ideia é apenas solicitar que o consumidor entre em contato com a empresa de cobrança.

Mas se rede social é hoje usada apenas como alternativa às demais fontes de localização e cobrança, as empresas de cobrança reconhecem que, num futuro próximo, será o instrumento número 1. "Não só a nova geração como a universalização do acesso à banda larga tornam essa direção inevitável", conclui Rezende Júnior.


Veículo: Valor Econômico


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