Consumidor receoso com comércio virtual

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O balanço das vendas de Natal do e-commerce evidenciou que embora o setor ainda cresça a passos largos no Brasil, é preciso se reestruturar para manter o vigor. Apesar do salto de 20% nas comercializações sobre 2010 - resultado que supera os 5,5% dos shoppings, por exemplo - o comércio virtual não pôde comemorar o saldo de fim de ano. Isso porque no último exercício, o crescimento cravou 40% ante 2009 e a diferença de um ano pra outro explicita um fato que tira qualquer empresa de rota: a falta de confiança do consumidor.

A consultoria e-Bit, responsável pelo levantamento, atribui a perda de ritmo do segmento a atrasos na entrega no Natal do ano passado, o que fez o consumidor pensar duas vezes antes de recorrer novamente à web neste ano.

A gravidade da situação chegou ao ápice em maio, quando a Americanas.com, uma dos maiores redes do ramo, teve que paralisar as vendas no Estado do Rio de Janeiro até que as entregas atrasadas fossem regularizadas.

E essa conjuntura turbulenta afetou os negócios de duas empresas mineiras que não conseguiram confirmar as expectativas apresentadas à reportagem antes do Natal.

A Livraria Leitura, por exemplo, previa vender pela web entre 25% e 30% a mais do que no ano passado. Porém, o presidente da rede, Marcos Teles, diz que em dezembro, as vendas para o varejo devem apontar uma alta de somente 10%. Na opinião dele, foram justamente as recorrentes notícias sobre atrasos nas entregas em todo o país, que afastaram os compradores do computador.

Teles admite que a Leitura já teve dificuldades para dar conta de seus pedidos há três anos, quando houve um boom de compras no Natal e a rede não conseguiu atender a demanda a tempo. Porém, ele salienta que o entrave foi resolvido quando a empresa resolveu priorizar o tratamento ao cliente ao invés das grandes margens.

"Hoje quando percebemos possíveis problemas, aumentamos bastante o nosso prazo de entrega, o que acaba gerando uma queda das vendas, mas dá garantias ao cliente", confirma. Com essa medida, ele garante que no momento, nem 1% dos pedidos atrasam.


Eletrocell - Já na Eletrocell, grupo que tem como carro chefe eletrônicos e comercializa também itens como brinquedos em lojas físicas e virtual, a alta do e-commerce foi de 15% ante 2010. Conforme o sócio-proprietário Cássio Lage, embora haja preocupação com a imagem negativa que muitos consumidores têm da internet, a companhia só não atingiu os 20% de crescimento estimados para o setor, em decorrência de problemas com um produto específico. Ele refere-se às piscinas infláveis que vendem muito no Natal e não chegaram a tempo na empresa.

Ele afirma que a questão da entrega que afugentou muitos clientes do mundo virtual não atingiu fortemente a Eletrocell. Conforme informações da empresa, de 288 pedidos feitos no Natal, apenas quatro tiveram algum problema. Lage questiona a postura de gigantes do ramo que, conforme ele, "transmitem uma ideia errada do setor aos consumidores".

Para combater a ideia de que comprar na web nem sempre é garantido, a empresa irá, inclusive, adotar o slogan: Comprou, chegou. Lage explica que o negócio é seguro porque a Eletrocell trabalha com estoque positivo, ou seja, só são comercializados produtos disponíveis para entrega imediata. Além disso, a rede ampliou sua equipe da área de logística, o que agiliza a aprovação dos pedidos e, conseqüentemente, o trabalho das transportadoras.

E, apesar de as vendas do e-commerce neste Natal terem explicitado as fragilidades do segmento, o empresário acredita que o fato de o crescimento do ramo ter superado o das lojas físicas é um caminho sem volta. Isso porque, enquanto a expansão dos pontos de venda físicos é limitada devido ao espaço, a web pode se expandir ininterruptamente. Enquanto a loja online da Eletrocell registrou um salto de 15% neste Natal, as unidades de rua contabilizaram uma média de 10% e esse índice, conforme Lage, não tem como sofrer grandes oscilações.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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