Bandeira Shopcards entra na disputa oferecendo prazos mais longos para os consumidores.


Pode parecer pretensioso, mas uma nova bandeira de cartão de crédito, sem vínculos internacionais nem grandes reservas de capital, pretende conquistar uma fatia do mercado hoje dominado por gigantes globais como Visa e Mastercard. Lançada no fim de fevereiro pelo executivo Waldemar Petty Moutinho, ex-presidente da Abecs, a entidade das empresas do setor, a Shopcards investiu US$ 5,8 milhões para conquistar clientes que buscam prestações menores e prazos mais longos. A empresa vai oferecer parcelamentos em até 200 prestações (mais de 16 anos), além de acenar com custos mais baixos para os comerciantes e com oportunidades para os bancos médios.
 
“O fim da exclusividade nas maquininhas não reduziu as tarifas dos lojistas nem facilitou a vida do consumidor”, diz Petty, como é mais conhecido. “Os bancos não têm interesse em que esse mercado mude, pois ganham muito com as tarifas e os empréstimos rotativos dos cartões.” Para chegar à ideia de estender o financiamento para até 200 parcelas, Petty e Marcello Gimenez, ex-executivo da Credicard, visitaram 11 mil lojas e perceberam que o varejo desejava essa vantagem. “O consumo tem espaço para crescer no Brasil, mas para isso é preciso poder fazer as prestações caberem no bolso do consumidor”, afirma Petty. Ele diz esperar que a inadimplência seja semelhante à dos financiamentos de veículos, ao redor de 4%, pois os prazos são longos e as prestações, baixas.
 
“Conversamos com lojistas da Rocinha, no Rio de Janeiro, e percebemos que os consumidores pagam em dia, desde que suas obrigações financeiras caibam no bolso”, afirma Gimenez. Outro nicho de mercado da Shopcards serão os médicos e dentistas, que hoje não parcelam seus serviços e, paradoxalmente, as lojas de alto luxo. “Há quem queira comprar uma bolsa de marca em dez parcelas ou mobiliar a casa em 20 prestações, mas o cartão só parcela em seis vezes”, diz Petty. Na primeira investida, a administradora de crédito criou um cartão para arquitetos e decoradores, que costumam comprar móveis e revender aos clientes.
 
A proposta é emitir 60 mil plásticos para esse público, atingindo a marca de dois milhões clientes em dois anos. Para os estabelecimentos, a grande vantagem alardeada pelos executivos da Shopcards é a redução de custos. As máquinas de POS, que hoje custam em média R$ 150, serão gratuitas para os lojistas. A matrícula para as lojas será de R$ 30, enquanto os concorrentes cobram R$ 150, e o pagamento por transação para a bandeira será a metade do cobrado atualmente pela Visa e Mastercard, que varia entre 4,5% e 6%. Para chegar a esses valores, Petty Moutinho garante que não tem milagre: “Vamos reduzir o custo para os lojistas a fim de que eles prefiram trabalhar conosco”.
 

Veículo: Isto É Dinheiro