Pagamento on-line une varejistas nos EUA

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Mais de uma dezena de grandes varejistas anunciaram, ontem, seus planos para desenvolver conjuntamente uma rede de pagamentos móveis que vai concorrer com os serviços do Google e outras empresas.

As redes de lojas Walmart e Target, a de lojas de conveniência 7-Eleven e a de postos de gasolina Sunoco estão entre as companhias que esperam conquistar seu espaço nesse florescente mercado que transforma os smartphones em dispositivos para fazer compras.

O empreendimento das varejistas, chamado Merchant Customer Exchange, ou MCX, está ainda no começo, e as empresas não marcaram uma data de lançamento. Elas ainda estão buscando um diretor-presidente.

Não está clara a quantia com que cada varejista participante está contribuindo para a formação da rede.

Instituições financeiras e empresas de tecnologia estão despejando bilhões de dólares no desenvolvimento de sistemas de pagamentos móveis que funcionam como "carteiras digitais".

Embora poucos consumidores usem seus telefones como dispositivos para pagamentos, executivos do setor estão convencidos de que os clientes acabarão fazendo compras com seus celulares de uma maneira tão natural como hoje usam cartões de débito e crédito.

A tecnologia baseia-se em aplicativos que os clientes podem baixar nos seus smartphones e então fazer compras em uma loja passando o telefone por uma máquina leitora instalada na caixa registradora.

A previsão é que as transações de pagamentos móveis no mundo todo saltem de US$ 172 bilhões neste ano para US$ 600 bilhões até 2016, segundo a empresa de pesquisa de mercado Gartner. Um relatório de março do Federal Reserve, o banco central americano, informou que 87% dos americanos têm um telefone celular. Quase metade desses aparelhos são smartphones, ou seja, celulares com aplicações típicas de computadores e acesso à internet.

Entre as pessoas que têm um celular e uma conta bancária, 11% fizeram pagamentos móveis no ano anterior, indicou a pesquisa.

O novo empreendimento de pagamentos móveis já começa atrás das iniciativas de concorrentes, como a do Google, que se chama Google Wallet (Carteira Google) e que entrou em operação no ano passado, usando aparelhos que rodam o sistema operacional Android, criado pela empresa de tecnologia.

A Isis, um projeto conjunto das operadoras de celular AT&T, T-Mobile USA (uma unidade da Deutsche Telekom) e Verizon Wireless (sociedade entre a Verizon Communications e o grupo britânico Vodafone) começará seus testes neste ano em Salt Lake City, em Utah, e Austin, no Texas. E, em um outro sinal do interesse crescente por pagamentos móveis, a iniciante Square divulgou na semana passada que a Starbucks vai investir US$ 25 milhões na empresa e usará sua tecnologia para, a certa altura, processar todas as transações de crédito e débito nas suas cerca de 7 mil cafeterias nos Estados Unidos.

A proliferação de sistemas de pagamentos móveis pode confundir os consumidores, dizem os críticos. Mas os participantes dizem que os esforços rivais refletem um impasse: um setor precisa do outro para fazer os pagamentos móveis darem certo, mas cada grupo quer tomar a liderança.

"Estamos abertos a todos os parceiros, mas tem que ser vantajoso para os membros varejistas de um modo que melhore o sistema e não traga custos adicionais", disse Mike Cook, vice-presidente corporativo e tesoureiro assistente do Walmart.

Todas as iniciativas de pagamentos móveis que estão em curso têm o objetivo de atender à demanda crescente dos consumidores, principalmente os jovens, por pagamentos que são mais fáceis e rápidos. As varejistas acreditam que criar tais sistemas eletrônicos aumentará a lealdade dos clientes.

Ao montar seu próprio sistema, as varejistas da MCX também esperam tirar proveito de suas relações atuais com os clientes para acostumá-los a pagar com o telefone. O Google e as empresas de telecomunicações conhecem muito menos os hábitos de compra que as varejistas, dizem essas empresas.

As companhias em torno desse novo projeto têm vendas anuais combinadas de US$ 1 trilhão e servem praticamente a todos os usuários de smartphone nos EUA, dizem elas.

Assim como seus concorrentes, as varejistas pretendem criar ofertas direcionadas e promoções para os consumidores usando os smartphones.

Até agora, 14 varejistas uniram-se à joint venture, inclusive a rede de eletrônicos Best Buy, a de drogarias CVS Caremark, a de material de construção Lowe's, a de postos de gasolina Royal Dutch Shell, a de supermercados Publix Super Markets, a de lojas de departamentos Sears, a de combustíveis Alon Brands, a de restaurantes Darden Restaurants , os supermercados Hy-Vee e a empresa de serviços de viagens HMSHost, uma unidade da Autogrill.

"Eu realmente acredito que as varejistas estão especialmente capacitadas para abordar o que acreditamos ser o desejo do consumidor nesse espaço", disse Terry Scully, presidente de serviços financeiros e de varejo da Target.

Um dos desafios dos pagamentos móveis é o fato de muitos consumidores terem se mostrado relutantes em carregar informações financeiras pessoais em um telefone.

Uma pesquisa feita há pouco tempo com 2 mil consumidores mostrou que 60% dos que responderam temiam que os pagamentos móveis pudessem colocar sua segurança pessoal ou a de suas finanças em risco, segundo a Strategies International, uma empresa americana de consultoria.

Embora mais um sistema de pagamento móvel talvez possa confundir consumidores que não entendem as diferenças entre os vários sistemas, o número crescente de opções poderia ajudar a iniciativa como um todo a ganhar força. Os executivos da Isis e do Google já disseram que a competição é importante para impulsionar essa indústria nascente.

Algumas varejistas envolvidas no novo grupo já estão fazendo incursões nos pagamentos móveis. Os clientes da Target podem usar seus celulares para comprar e enviar cartões de presentes da rede.



Veículo: Valor Econômico




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