Não é raro encontrar crianças que com dois ou três anos de idade - e até antes disso - já dominam o tablet dos pais como se soubessem usar o equipamento desde que nasceram. E se é com os tablets e smartphones que elas querem brincar, é para as telas dos dispositivos que os tradicionais jogos de tabuleiro migrarão. Essa foi a resposta da fabricante de brinquedos Estrela para lidar com essa nova realidade.
A Estrela anunciou ontem a criação da Estrela Digital, seu braço de jogos digitais. Nessa nova divisão de negócios, a Estrela terá como parceira a Pontomobi, companhia especializada no desenvolvimento de videogames. Juntas, Estrela e Pontomobi investiram R$ 2,5 milhões para criar a Estrela Digital. Os resultados obtidos pela divisão serão divididos em partes iguais pelas companhias.
A Estrela vinha ensaiando sua entrada no mundo digital desde 2010, com iniciativas isoladas como uma versão do Autorama no microblog Twitter.
Os clássicos "Banco Imobiliário"", "Autorama", "Pula Macaco" e "Cilada" são os primeiros lançamentos da Estrela Digital e estão disponíveis desde ontem. Para o início de 2013, a empresa planeja publicar os jogos "Detetive" e "Jogo da Vida".
A estratégia da Estrela Digital é que os videogames estejam disponíveis para usuários dos sistemas operacionais iOS, da Apple, o Android, do Google, além da loja de aplicativos do navegador Google Chrome e na página da companhia no Facebook. Inicialmente, porém, o "Banco Imobiliário" e o "Autorama" não estarão disponíveis para os donos de dispositivos iOS. "Estamos aguardando a liberação da Apple", disse João Carvalho, sócio-diretor de negócios da Pontomobi.
O modelo de negócios digitais criado pela Estrela e pela Pontomobi prevê a inserção de patrocinadores nos jogos. A Fiat firmou um acordo para que seus modelos de carros sejam usados no "Autorama". Já a Tecnisa terá seus empreendimentos expostos na versão digital do "Banco Imobiliário".
Os jogos que têm patrocinadores serão gratuitos. Nos demais, a empresa optou pelo modelo "freemium", no qual o uso inicial é de graça, mas o usuário tem de pagar para avançar para as próximas fases. Os jogos da Estrela Digital terão uma moeda própria, batizada de "estrelinha". As moedas poderão ser compradas na loja de aplicativos da Apple ou do Google e também por meio de cartões pré-pagos, cuja administração será feita pela Alelo.
Apesar de iniciar a nova divisão com jogos consagrados, a Estrela Digital não planeja se limitar aos sucessos da empresa-mãe, que completou 75 anos em 2012. "Queremos ter nosso próprio 'Angry Birds'", disse Carlos Tilkian, presidente da Estrela, em referência ao famoso videogame da finlandesa Rovio.
Com os jogos digitais, a Estrela planeja crescer em outros territórios além do Brasil. Para isso, a companhia pretende lançar as primeiras versões de jogos em inglês e espanhol no próximo ano.
Apoiada nesses planos, o presidente da Estrela estima que, no médio prazo, o faturamento da Estrela Digital alcance a receita da Estrela. "E se dermos a sorte de criar um 'Angry Birds' [a receita digital] pode ultrapassar em um ano", disse Tilkian. A Estrela faturou R$ 150 milhões no ano passado e projeta uma alta de 15% na receita deste ano.
Veículo: Valor Econômico