Clubes de compras são a nova aposta do varejo eletrônico

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Solo fértil para o surgimento de novas tendências, o varejo eletrônico (e-commerce) já apresentou ao consumidor brasileiro diferentes modelos de operação ao longo de sua existência. Nem todos chegaram a sustentar o bom desempenho dos primeiros anos - como é o caso dos sites de compras coletivas. Por outro lado, outros começam a despontar mediante ofertas agressivas, sortimento diferenciado e medidas de fidelização eficazes. É o caso dos clubes de compras.

Presente em diversos tipos de canais no varejo moderno, o Magazine Luiza lançou recentemente o Clube de Ofertas da Lu, que visa a aumentar e a fidelizar cada vez mais o número de clientes oferecendo-lhe prêmios e descontos diários em troca da sociedade com a empresa.

"Um dos diferenciais é o contato próximo e o feedback com o cliente. Por meio das redes sociais e do Blog da Lu, falamos diretamente com nossos consumidores. A nova plataforma aumenta esse contato e fideliza ao fazer ofertas com descontos exclusivos escolhidas pela vendedora virtual Lu", disse o diretor de e-commerce da empresa, Decio Sonohara.

Por meio de um sistema de cadastro de nome e e-mail, o consumidor passa a ter acesso às ofertas fornecidas no site. No entanto, para a finalização da compra, é exigido o registro completo, com login e senha.

Além da fidelização, o Magazine Luiza aposta na conveniência para o novo canal de vendas virar moda entre os e-consumidores. "O cliente não precisa trocar um cupom ou ir até a loja, o próprio site da rede realiza a entrega na casa do comprador", afirmou o executivo, apontando um dos diferenciais do serviço.

Por meio do clube, os laços entre cliente e empresa ficam cada vez mais estreitos. O controle do número de acessos e pedidos do site permite uma maior identificação do perfil de consumidor do novo nicho do e-commerce.

"Com isso, sabemos o que e como ele quer receber nossos serviços. E isso sempre traz bons resultados", disse Sonohara.

Do ramo dos clubes de compras por assinatura, a Shoes4you - voltada para a venda on-line de sapatos e acessórios para o público feminino - revela um caso de sucesso num curto tempo de duração. Inaugurada em 2011, a empresa fechou o ano passado com previsão de R$ 5,5 milhões de faturamento, e estima um salto cinco vezes maior para 2013, com rendimento de R$ 25 milhões.

Através do pagamento de uma taxa mensal, são disponibilizadas aos sócios coleções renovadas constantemente, que chegam a custar até cinco vezes menos do que no mercado tradicional.

A base do negócio está no ato de sugerir qual produto se encaixa melhor ao perfil do consumidor. Isso é feito a partir de um quiz - uma série de perguntas acerca das preferências do cliente - que identifica o estilo da pessoa, e, por meio de estilistas da rede, passa a lhe indicar artigos para comprar. "A experiência tem sido bem interessante, pois, além de serem práticos, os recursos digitais atuais possibilitam às usuárias uma aproximação maior com a nossa marca", reiterou Priscilla Whitaker, diretora de Marketing.

Outro diferencial da maioria dos clubes de compra diz respeito à política de redução dos estoques. Como os players têm um controle maior sobre a saída dos produtos, os depósitos costumam ser bastante limitados.

Para o diretor-executivo da Câmara-e.Net, Gerson Rolim, o negócio de clubes de compras por assinatura leva o conceito da conveniência do e-commerce ao seu máximo de operação. Afinal, o consumidor não tem mais o trabalho de escolher o que compra com frequência.

"Esse modelo trabalha com a recorrência, isto é, com todo produto que tenha um ciclo de vida limitado e tenha a necessidade de sempre ser reposto", afirmou o especialista.

O diretor tomou como exemplo a compra recorrente de um calçado específico por parte de um cliente, cujo tempo livre seja bastante limitado para ir ao shopping fazer compras. "Você não precisa mais se preocupar em trocar os sapatos que você costuma comprar sempre. A loja já faz isso para você", disse Gerson Rolim.

Quando lhe foi perguntado sobre a possibilidade de os clubes de assinatura estarem preenchendo o espaço deixado pelos sites de compras coletivas, o especialista disse que as duas frentes não são concorrentes e que o último passa por um momento atual de maturação no e-commerce.

O presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Maurício Salvador, apresentou outro olhar em relação ao segmento de compras coletivas.

Como foi dito anteriormente em entrevista ao DCI, o especialista avaliou que o nicho passa por maus bocados devido às elevadas taxas de reclamação.

"O modelo de operação do setor não conseguiu se reinventar. A euforia inicial se deveu principalmente à novidade da amostra", afirmou Salvador.

No entanto, o presidente afirmou que os do nicho aprenderam a lição e estão informando melhor o cliente sobre o funcionamento dos serviços disponibilizados.


Veículo: DCI


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