Big data: Tecnologia que ajuda conhecer o consumidor

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Com o Big Data, as empresas conseguem garimpar na montanha de dados do dia a dia as informações relevantes para o seu negócio

O Big Data é o grande oráculo da era digital. Ele é capaz de revelar o segredo mais valioso a qualquer empresa: o que se passa na cabeça do seu consumidor. Mas o que é mesmo o Big Data? Nada mais é do que uma modalidade de tecnologia que analisa a montanha de dados encontrados em sites, blogs, redes sociais, e os transforma em informação preciosa sobre os hábitos e desejos das pessoas. De acordo com a ABI Research, empresa americana de pesquisa na área digital, os gastos com tecnologias de Big Data devem chegar a US$ 31 bilhões, no mundo, em 2013. A expectativa é de um crescimento anual de 30% nos próximos cinco anos.

Referência global em Big Data, o Walmart.com, a divisão de comércio eletrônico da gigante do varejo dos Estados Unidos, utiliza os mais avançados sistemas de coleta de dados e extração de informações para atingir o consumidor. “Conhecer os hábitos, inclusive, sazonais do cliente, definir onde colocar cada item nos centros de distribuição, criar e alterar as rotas dos caminhões de entrega são algumas das situações em que utilizamos o Big Data”, diz Marco Moreira, vice-presidente de e-commerce da operação brasileira do Walmart.com. Segundo ele, o sistema é útil também para antecipar tendências de consumo e, com isso, sair na frente dos concorrentes.
 
Foi o que aconteceu há três meses quando o Big Data identificou que as redes sociais começaram a falar sobre o tablet Nexus 7, do Google. Rapidamente, o Walmart.com fez uma grande encomenda do produto, sendo o primeiro a oferecê-lo no País. “Vendemos tudo em dois dias”, diz Moreira. O Big Data está revolucionando a forma como as empresas desenvolvem suas estratégias de marketing, vendas, logística, etc. Na Netshoes, varejista eletrônica de artigos esportivos, influencia diretamente a visualização da loja virtual. Para cada tipo de usuário, há uma “vitrine” diferente, caso ele tenha vindo por um banner, pelo e-mail marketing, pela rede social e até se está logado.
 
“Temos mais de 38 mil itens e precisamos oferecer os produtos adequados para o perfil de cada um”, diz Rodrigo Nasser, vice-presidente de tecnologia (CTO) da Netshoes. Segundo ele, se uma esportista comprou um tênis de corrida de performance, provavelmente comprará um frequencímetro em breve e roupas para treinar. “Esse tipo de análise só é possível ao utilizar o Big Data e modelagem estatística aliados a uma plataforma tecnológica”, afirma Nasser. O segmento de turismo também tem se beneficiado do arsenal de informações geradas pelo Big Data. Gustavo Murad, diretor regional de TI para a América Latina da Amadeus, empresa de soluções de tecnologia para o setor de turismo, explica que é possível, por exemplo, elaborar promoções de vendas mais personalizadas.
 
Segundo ele, entre os dados armazenados nas empresas estão comentários de redes sociais, relatórios de atendimento em call centers, eventualidades registradas nos seus sistemas de reservas, etc. “Tais dados, até então desestruturados e isolados, podem, com o Big Data, gerar iniciativas de comunicação ou mesmo compensação (upgrade para classe executiva, voucher para sala vip, entre outros mimos) de forma proativa e sistematizada”, diz Murad. Além do varejo e do turismo, setores como o da saúde estão utilizando o Big Data para obter um perfil mais aprofundado dos seus clientes. “Ao correlacionar hábitos de alimentação e histórico familiar com dados individualizados obtidos nas redes sociais, as empresas podem oferecer variações de planos de saúde e programas de prevenção a doenças”, afirma Fernando Lemos, vice-presidente de tecnologia da Oracle para a América Latina.
 
De acordo com Lemos, o Big Data tem potencial de transformar o modo como as empresas fazem negócios por ajudar na tomada de decisões em tempo real. Ele cita, inclusive, a atuação de um novo tipo de profissional para atender a essa demanda: o cientista de dados, cuja responsabilidade é apoiar a garimpagem e a análise das informações relevantes na avalanche de dados. Uma das principais vantagens do Big Data, na visão dos especialistas, é a flexibilidade no modelo de trabalho. Segundo Bruno Domingues, arquiteto principal da Intel Brasil, o Big Data é construído com o princípio de “dividir e conquistar”, ou seja, divide a complexidade do problema em “n” número de problemas menores e os distribui para que diversos servidores trabalhem nesses pequenos problemas em paralelo, de forma a obter um resultado mais rápido.
 
De acordo com Daniel Lázaro, executivo sênior da Accenture para a área digital na América Latina, o Big Data está provocando uma transformação que gera impacto na tecnologia, nos processos, nos profissionais e na própria governança corporativa. “Isso quer dizer que a empresa passa a ter toda uma disciplina de gestão baseada em dados e na integração de inteligência obtida com a manipulação de volumes e variedade de dados”, afirma Lázaro. “Tudo isso numa velocidade antes inimaginável.Isso será parte do dia a dia de empresas vencedoras no mercado.”



Veículo: Isto É Dinheiro


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