Ao usar o cartão de crédito, falar ao celular, passar em cabines eletrônicas de pedágio, navegar pela internet, zapear pelos canais de TV e realizar as mais diversas ações do cotidiano, deixamos uma série de pistas com informações pessoais. Empresas como Yahoo e Google coletam em média 2.500 detalhes sobre cada um de nós a cada mês. Esses dados podem ser armazenados, cruzados e exaustivamente analisados em busca de informações que políticos, profissionais de marketing e do comércio ou instituições podem usar para tornar as suas atividades mais eficazes.
Quem está examinando esses dados? Uma elite de matemáticos e profissionais de ciência da computação dedicados a dissecar nossas ações para definir padrões de comportamento que permitam antecipar o que vamos comprar, em quem vamos votar e até quem vamos namorar.
Eles são os numerati - assim batizados pelo americano Stephen Baker, jornalista e autor do livro de mesmo nome que está sendo lançado pela Arx Editora, um selo da Editora Saraiva. E suas respostas são surpreendentes, mostrando como os Numerati se infiltraram em todas as áreas da atividade humana e estão descobrindo meios de prever, com uma precisão espantosa, nosso próximo passo.
"Seja lá quem ou o que você for - e cada um de nós é um monte de coisas -, as empresas e governos querem identificá-lo e localizá-lo. Pense nisto: o Google tornou-se uma sensação multibilionária ajudando-nos a encontrar as páginas certas da web. Quão mais valioso será, em todos os setores imagináveis, encontrar a pessoa certa? Essa informação vale fortunas e os dados pessoais que descartamos deixam inúmeros rastros de quem somos. Mesmo que você não revele o nome, é fácil encontrá-lo", afirma Baker em seu livro.
Consultoria. Nas recentes eleições presidenciais americanas, por exemplo, o Partido Democrata (de Obama) contratou uma consultoria que entrevistou 4 mil eleitores, aos quais perguntou o que pensavam do futuro, o que temiam, o que queriam para os filhos e coisas do gênero. A partir das respostas, criou um modelo matemático dos indecisos - nos quais o partido havia decidido concentrar seu foco - e passou a publicar anúncios dirigidos a eles, em revistas que, de acordo com a pesquisa, deveriam atingi-los.
Na IBM, os numerati estão ajudando a empresa a desenvolver uma taxonomia das habilidades de seus 300 mil funcionários. O objetivo é catalogá-los, de modo que, quando precisar de um funcionário para uma função específica, em qualquer lugar do mundo, possa localizar rapidamente a pessoa certa.
Outro exemplo do papel dos numerati está no comércio tradicional. Em redes de supermercados como a ShopRite, nos Estados Unidos, e o grupo Metro, na Alemanha, já são usados carrinhos inteligentes, nos quais o consumidor passa o seu cartão de relacionamento e, a partir daí, recebe na tela de cristal líquido uma lista de compras baseada em seus padrões de consumo anteriores. O recurso facilita a vida do cliente e ajuda o supermercado a vender mais. Afinal, estudos da consultoria Accenture revelam que os consumidores esquecem, em média, 11% dos itens que pretendiam comprar.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ