Cartão próprio ganha visibilidade em setores do varejo além do vestuário

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Com bancos mais conservadores no crédito, redes apostam na busca do cliente por alternativas para efetuar compras e lançam versões que podem ser utilizadas em outros estabelecimentos


 
São Paulo - Consolidado no varejo de vestuário, o cartão próprio das lojas é cada vez mais utilizado por outros segmentos para fisgar e fidelizar consumidores. Em troca, eles oferecem vantagens e descontos, e ganham os clientes que enfrentam bancos mais conservadores na hora de liberar crédito.

 


 
Uma pesquisa elaborada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revelou que 19% da população brasileira possuem ao menos um cartão de loja concedido pela rede para que ele possa pagar suas compras. Para 28,9% desses consumidores, a principal vantagem desse tipo de cartão é a possibilidade de poder parcelar o valor da mercadoria.
 
Atentas a isso, algumas redes estão fortalecendo suas campanhas para atrair mais clientes a adquirir suas modalidades de crédito próprias, já que com a crise econômica, diversas instituições financeiras dificultaram o acesso de pessoas físicas ao crédito por conta dos riscos maiores de inadimplência.
 
"Nas pesquisas que a empresa realiza, os dados demonstram que o consumo e a frequência no posto [de gasolina] são maiores de clientes com o cartão da nossa rede", afirmou a Ipiranga, empresa de comércio de combustíveis pertencente ao Grupo Ultra à reportagem. Atualmente, a companhia possui mais de 6 milhões de clientes com cartões cobranded - que podem ser utilizados em qualquer estabelecimento que aceite as bandeiras oferecidas Visa ou Mastercard. Segundo a Ipiranga, nos últimos meses a procura pelo cartão da rede tem aumentado por conta das vantagens que o consumidor pode ter ao utilizar o cartão ligado à marca.
 
"Temos o programa 'Km de Vantagens', que gera pontos a cada compra e que podem ser resgatados e transformados em produtos ou serviços em mais de 100 estabelecimentos pelo País", explica a empresa.
 
Ligada ao ramo de varejo alimentar, a Cooperativa de Consumo (Coop) também tem fortalecido campanhas para que seus clientes passem a efetuar compras com o próprio cartão da rede, que assim como o produto ligado à Ipiranga, pode ser utilizado pelo consumidor em qualquer estabelecimento brasileiro.
 
"Atualmente temos cerca de 150 mil clientes com cartões da Coop ativos. Estamos trabalhando para que, até final deste ano, tenhamos um número acima de 165 mil", estima a gestora de produtos financeiros da Coop, Lourdes Moreno.
 
Recentemente, a companhia deixou de oferecer a modalidade private lable - cartão próprio a ser utilizado apenas nas lojas da rede - por conta de uma possível defasagem do modelo. "Oferecíamos o private lable até pouco tempo atrás, mas decidimos trabalhar essa flexibilidade para o consumidor, assim ele pode utilizar o nosso cartão para comprar onde e quando quiser. Além disso, o cobranded ajuda a fidelizar mais o cliente", comenta.
 
De acordo com dados do último balanço da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), foram movimentados R$ 269 bilhões através de cartões de débito e crédito na economia brasileira durante o primeiro trimestre deste ano. O número é 7,2% superior ao observado no mesmo período do ano passado.
 
Nos postos de combustíveis como os da rede Ipiranga, por exemplo, o uso da modalidade crédito dos cartões aumentou 15,3% no mesmo período e na mesma base de comparação.
 
Private Lable x Cobranded
 
Em segmentos do varejo como o vestuário, o modelo private lable ainda é o preferido, tanto pelas redes como pelos consumidores. Prova disso é que, entre janeiro e março deste ano, 46,6% de todas as vendas da Lojas Renner foram realizadas pelo cartão próprio da marca.
 
Na concorrente Riachuelo, o número foi semelhante: 43,5%.
 
No entanto, ao contrário do cobranded das redes Ipiranga e Coop, o cartão da Renner e da Riachuelo, tal qual da Marisa e da C&A só pode ser utilizado dentro das unidades das redes.
 
"Desenvolver e operar um cartão private lable é um processo bastante caro e demanda um portfólio grande de produtos e lojas, para que o cliente esteja sempre efetuando compras", opina a especialista em varejo e CEO da GS&AGR Consultores, Ana Paula Tozzi.
 
Por outro lado, por estar ligado a instituições financeiras, o cartão cobranded é oferecido pelas redes com o know-how das bandeiras que acompanham o método de pagamento. No Brasil, Mastercard e Visa lideram o setor. "Os consumidores hoje estão muito mais bancarizados, então é mais fácil acessar o comportamento e os possíveis problemas que este cliente pode gerar por meio de dados das operadoras de pagamento. Nesse cenário, eu diria que é fundamental oferecer seus próprios meios de crédito." Apesar da crise, só 5,9% dos brasileiros admitem estarem atualmente inadimplentes com cartões de loja.
 
Veículo: DCI


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