Rio - Nas lojas físicas, a preocupação é equilibrar o ritmo de reposição de estoques com o aumento da demanda. Os setores mais críticos são os de celulares e produtos eletroeletrônicos. As operadoras de telefonia concentraram investimentos para reforçar equipes de inteligência e segurança nos pontos de venda físicos. A Vivo, por exemplo, tem feito análise sistemática com equipes de logística e canais especiais de abastecimento de unidades localizadas em regiões consideradas críticas e de risco elevado. De acordo com a companhia, as lojas da Vivo estão equipadas com cofre temporizado e segurança presente fisicamente nas lojas. Já a Oi passou a operar com uma cobertura de estoque mais justa e acompanhamento mais próximo de vendas para reabastecimento. Para especialistas, o varejo precisou se preparar para garantir estoques suficientes e, ao mesmo tempo, não amargar prejuízos elevados se os centros de distribuição ou lojas forem alvo de grupos criminosos.
— Existem os itens considerados produtos críticos, como celular. Você não pode fechar (a loja) com celular, tem que trabalhar com estoque mínimo e reposição contínua. Dificilmente o Carrefour vira a noite com estoque de televisores, porque não pode ter disponibilidade sobrando. A carga de eletrônicos tem liquidez, porque os produtos são rapidamente vendidos — ressalta Ana Paula Tozzi, diretora executiva da AGR Consultores.
MUDANÇA NO PERFIL DO CONSUMO
O coordenador do MBA em Gestão de Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ulysses Reis, avalia que, além do risco de segurança, a mudança de perfil do consumo, com expansão de compras pela internet, contribuiu para ajustes no sistema de distribuição e estoque de produtos nas lojas físicas:
— O risco é menor ao concentrar os produtos em um centro de distribuição que abastece as lojas sob demanda — afirma Reis.
Para Juedir Teixeira, de 65 anos, dono de duas redes varejistas, uma de material de construção e outra de moda, o controle mais rígido de estoque também foi fundamental para otimizar investimentos e concentrar estratégias de vendas em um público-alvo mais restrito. Ele diz que o desafio é antecipar a mudança de comportamento dos consumidores e acompanhar as inovações tecnológicas:
— A estratégia que utilizamos foi a implementação da chamada etiqueta inteligente, para não correr o risco de perder a venda. Ou seja, caso o cliente busque uma peça em determinada loja ou on-line, o vendedor conseguirá encontrá-la em toda a nossa rede física ou virtual — explica Teixeira. (Marcello Corrêa e Pollyanna Brêtas)
Fonte: O Globo - Rio de Janeiro