Pegar um carro por aplicativo, pedir comida em casa, comprar um produto on-line e retirar na loja são hábitos comuns na era digital. A facilidade trazida pelos smartphones - de termos tudo na mão, de forma rápida - transformou o modo de consumo. Hoje, sete em cada 10 consumidores utilizam o celular para adquirir algo, conforme levantamento da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Ofertas de itens ou serviços on-line para uso no mundo "real" é uma prática que está em crescimento, e com empresas cada vez mais sólidas.
Chamado de O2O (on-line to off-line), o conceito foi criado na China para embasar esse método de compra e venda cuja empresa pode atuar como intermediária de uma relação de consumo, como é o caso, por exemplo, dos aplicativos de transporte que ligam motoristas aos clientes. Há, também, casos nos quais o empreendedor é o proponente de ofertas ao consumidor, que compra na internet e faz o uso em algum local. Essa prática ficou famosa com os sites de compra coletiva, os quais vendem um voucher de consumo para serem utilizados em restaurante, salão de beleza e até mesmo para se hospedar em hotéis.
O presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O), Vitor Magnani, explica que esse modo de relacionamento e de consumo caiu no gosto dos brasileiros, principalmente por ser uma forma de economizar tempo e otimizar a possibilidade de compra. O fato de ter todas as informações dispostas, avaliações dos usuários e condições de pagamento variadas e de maneira clara atraíram as pessoas a usarem o O2O como principal forma de compra. "Você não sai mais de casa para comprar um tênis. Isso passou a ser uma opção sua, sai se quiser, se for necessário. O varejo também precisou se adaptar a isso para não perder em competitividade", explica Magnani.
O fato de ir buscar o produto na loja é visto como benéfica para ambas as partes, conforme o líder da associação. "A plataforma age em prol do vendedor, que tem a chance de conhecer melhor o seu cliente quando ele vai até a loja e pode incrementar a venda que fora realizada. Já o consumidor pode visitar o estabelecimento, conhecer novos produtos e optar por onde irá comprar", avalia. Na pesquisa da CNDL, o gasto médio dos consumidores em compras na internet foi de R$ 307,76. Quase metade dos entrevistados (49%) disseram ainda ter receio de comprar on-line, e que priorizam sites indicados por conhecidos ou utilizam canais conhecidos.
Magnani também percebe uma mudança de comportamento nos consumidores conectados. Há, segundo ele, uma confiança maior nas novas marcas surgidas a partir do O2O pela forma de comunicação delas para com o seu público. "Muita gente jamais pegaria uma carona com um estranho há alguns anos, muito menos tomaria uma água oferecida por ele. O cliente passou a confiar, tanto no motorista do aplicativo quanto na empresa para a qual ele trabalha", salienta. Essa confiança também se traduz em potencial para investimento. Magnani afirma que alguns fundos estão preferindo colocar dinheiro no desenvolvimento dessas marcas em detrimento às mais enraizadas no mercado, em virtude do crescimento exponencial e da abertura maior de mercado para elas.
Fonte: Jornal do Comércio