Aplicativos de varejo ganham espaço entre brasileiros em busca de renda

Leia em 4min

Diante da grande massa de desempregados no território nacional e da diminuição do poder de compra dos consumidores, plataformas virtuais do setor varejista ganham mercado entre os brasileiros que buscam complementação de renda familiar.

 

De acordo com o último balanço realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação chegou a 12,4% da população brasileira no primeiro trimestre de 2019 – representando um incremento de 0.9 ponto percentual (p.p.) sobre um ano. Já o nível de subutilização da força de trabalho – aqueles brasileiros que gostariam de aumentar a carga horária de trabalho mas não encontram novos postos – chegou a 24,6% da população, alta de 0.8 p.p.

 

“Frente à grande fragilidade que o mercado de trabalho brasileiro vem enfrentando, o setor que está sustentando grande parte desses empregos informais ou fontes alternativas de rendimento é o varejo”, afirmou o pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Bruno Ottoni, lembrando que a grande parte desse montante de desempregados são jovens. Ainda segundo o balanço do IBGE, a taxa de desocupação entre jovens de 18 e 24 anos ficou em 27,3%.

 

Nesse cenário, uma das plataformas online varejista que tem absorvido parte desse contingente é a Supermercado Now . “Assim como muitos brasileiros enxergaram em aplicativos como Uber ou 99 uma fonte de renda, percebemos que a evolução do Supermercado Now seguiu a mesma linha, com possibilidade de adequação no horário de trabalho e região de atuação”, diz o diretor de operações da plataforma, Wlademir Gomes.

 

A proposta do negócio é permitir que usuários cadastrados – os denominados como shoppers – realizem as compras em redes varejistas parceiras e, após isso, também entreguem a mercadoria na casa de consumidores que encomendaram essa lista de itens. A remuneração desse shopper virá justamente de um percentual sobre a combinação entre o valor da compra, tempo gasto e quantidade de produtos.

 

“Primeiro buscamos identificar aqueles candidatos que realmente demonstrem interesse no ato de fazer compras. Outros aspectos importantes são alguns como ter bom relacionamento e agilidade para atender os pedidos”, afirmou ele, destacando que o perfil dos atuais 150 shoppers da plataforma é composto tanto por “donas de casa” com 60 anos até os universitários.

 

Para Gomes, nos últimos anos o perfil dos candidatos para o cadastro no site tem variado bastante, se tornando mais heterogêneo – fator que tem “balanceado” os diferentes volumes de demanda em diversas regiões da capital paulista. “Hoje, temos entre 25 a 30 redes de varejo alimentar parceiras na Região Metropolitana de São Paulo. Recentemente, iniciamos expansão também para o interior do estado”, declarou Gomes, lembrando que a base atual de clientes do site está entre 15 mil e 20 mil consumidores.

 

Por fim, o executivo salientou que o processo de seleção dos shoppers é criterioso, o que pode ser verificado no número de aprovados na plataforma. “Mensalmente são cerca de mil candidatos. E a aprovação é de 30 em média”, complementou ele. Não foram divulgados números referentes ao faturamento do negócio.

 

Na mesma linha de raciocínio, o fundador da plataforma voltada para o setor do varejo ComOferta, Feliciano Abreu, diz que percebeu um interesse maior dos consumidores na possibilidade de ganhar prêmios e dinheiro nos últimos anos. “A plataforma tem como objetivo divulgar ofertas em diversas redes do setor. A partir do momento em que um consumidor visualiza uma oferta e publica no nosso site, quanto mais cliques esse anúncio tem, maior a quantidade e pontos acumulados e, consequentemente, melhores os prêmios no final do mês”, argumentou o executivo. Atualmente, segundo Abreu, o site conta com 40 mil cadastrados.

 

De acordo com ele, dentro dessa conjuntura econômica, os pequenos varejistas também buscam os anúncios da plataforma para compor de forma mais assertiva os estoques. “Grande parte desses negócios de pequeno porte entram no sistema para não perderem o armazenamento de determinadas mercadorias e, consequentemente, tornar esses itens mais rotativos dentro das lojas. Em momentos de crise, os consumidores têm como prioridade os preços, independentemente da marca do item”, disse o executivo.

 

Além disso, Abreu relembrou também que durante a paralisação dos caminhoneiros no ano passado, muitos usuários recorreram à plataforma para localizar os postos de combustíveis com preços mais baratos. “Dessa forma, muitas pessoas que conseguiram publicar ofertas desses negócios passaram a ganhar um vale combustível”, complementou o executivo.

 

Fonte: DCI

 

 


Veja também

77% dos clientes utilizam smartphones nos supermercados

Cada vez mais digitais e tecnológicos, os clientes buscam soluções que facilitem a sua jornada de c...

Veja mais
O mundo on-line e o físico cada vez mais próximos

Pegar um carro por aplicativo, pedir comida em casa, comprar um produto on-line e retirar na loja são hábi...

Veja mais
O omnichannel é a melhor chance para a evolução do varejo

A internet se tornou, ao longo dos últimos anos, uma parte gigante da vida das pessoas. Segundo uma pesquisa anua...

Veja mais
Crianças determinam consumo familiar e opções de lazer

Com mercados inteiros voltados ao consumo infantil, as crianças que crescem nesta década, por comporem a g...

Veja mais
Ponto físico precisa se transformar digitalmente, diz diretor do Carrefour

Mesmo com o e-commerce cada vez mais presente nas nossas vidas, com pesquisa recente do PayPal indicando crescimento de ...

Veja mais
Varejo: experiências digitais aumentam receita das marcas

Em um mundo onde o consumidor é cada vez mais tech addict (viciado em tecnologia), as marcas precisaram se reinve...

Veja mais
Cerca de 2/3 dos jovens no Brasil já compram pelo celular, diz estudo

Quase dois terços dos jovens brasileiros usam dispositivos móveis para realizar pagamentos, segundo pesqui...

Veja mais
Número de sites de e-commerce dão salto de 37,5%

Entre 2018 e 2019, após dois anos de crescimento modesto, o e-commerce brasileiro deu um salto de 37,59% em n&uac...

Veja mais
Ikea planeja aplicativo para venda online

Nunca o mundo foi tão digital e o varejo sabe disso. Exemplo disso é a nova aposta da Ikea. A empresa, que...

Veja mais