Essa Black Friday será diferente de qualquer outra já realizada no Brasil. Isso é reflexo do amadurecimento do consumidor brasileiro, dos principais players do varejo, combinando com novos entrantes e novas categorias que serão promocionadas no próximo dia 29 de novembro.
Consumidor Brasileiro
O consumidor brasileiro está mais maduro em relação à data e isso gera oportunidades para marcas, varejo e, ao mesmo tempo, aumentam as expectativas quanto aos benefícios ofertados. O consumidor já está mais preparado e começa a se planejar para as promoções e inicia as pesquisas com maior antecedência que nos anos passados.
Segundo pesquisa divulgada pelo Google, a intenção de compra de diferentes categorias quase dobrou do ano passado para 2019, chegando a seis categorias. Isso quer dizer que, além dos tradicionais produtos eletrônicos e de telefonia que historicamente eram o foco de compra da data, hoje o consumidor já busca novas oportunidades. O desafio das marcas é desenvolver formas novas para promover o engajamento desses consumidores. Vender “a metade do dobro” já é passado e, cada vez mais, quem compra busca uma boa experiência de compra, que não quebre uma relação de confiança criada ao longo do tempo e que, acima de tudo, tenha um bom atendimento. A pesquisa aponta que 84% dos clientes estão dispostos a buscar novas lojas e marcas.
Multicanalidade
As boas ofertas da Black Friday devem ir onde o cliente está, e um quarto dos pesquisados pretendem comprar em mais de um canal. A multicanalidade será essencial para as marcas estarem presentes em toda a jornada de compra. Com esse pensamento em foco, estar presente no mobile é uma exigência básica. Se sua marca não está presente no online, já sai perdendo.
Em 2018, nos EUA, a Black Friday movimentou U$6 bilhões só no digital (crescimento de 23% vs 2017), sendo que deste total 1/3 passou pelo mobile commerce. Vou fazer a conta para vocês: U$2,1 bilhões comercializados na Black Friday americana somente no MOBILE!
No Brasil, 13% dos clientes já compraram via algum aplicativo e 36% tem intenção de comprar esse ano via app. Ficar de fora deste canal é perder relevância, oportunidade de relacionamento e dinheiro!
Amadurecimento do varejo brasileiro
O amadurecimento dos grandes varejistas coloca a data em outro patamar. Neste ano, o Magazine Luiza vem com sua força total. Uma empresa que vem se transformando em uma “plataforma digital com pontos físicos e calor humano” como repete seu CEO Frederico Trajano, com vendas totais nos últimos 12 meses superiores a R$ 22 bilhões, com mais de 1.000 lojas. Os resultados da empresa não param de crescer e, no e-commerce tradicional, suas vendas evoluíram 66,3%, enquanto no marketplace houve uma alta de 300%. Suas operações são multicanal e cada vez mais multi categorias. A aquisição da Netshoes mexeu com o mercado nos últimos meses e mostra o apetite do Magalu. A concorrência respondeu rápido e no último mês foi divulgada a aliança entre Centauro e B2W, integrando as operações e criando novas oportunidades de contato e serviço para o consumidor. Segundo o Credit Suisse, com isso “a B2W melhora seu sortimento e aumenta sua frequência de compras e a Centauro se beneficia do acesso imediato e barato a um público consumidor mais amplo, de cerca de 15 milhões de pessoas.”
No outro lado do ringue, a Via Varejo, que este ano voltou para as mãos da família Klein, vem colocando rapidamente suas operações no trilho e promete uma virada nesta Black Friday. Semana passada já soltou sua campanha para a data e fará uma oferta por dia até 29 de novembro.
O Mercado Livre está na disputa da Black Friday com um modelo distinto dos concorrentes acima. Com uma enorme fortaleza no digital, a empresa continua seu investimento na ampliação de sua malha logística (inaugurou recentemente mais um CD em Cajamar-SP, totalizando 5 CDs no Brasil) e a criação de pontos de retirada de encomendas de marketplace na cidade de São Paulo, para depender cada vez menos das entregas dos Correios e ganhar mais contatos físicos com seus clientes. Com mais de 12 milhões de fornecedores vendendo mais de 260 milhões de itens, o volume de vendas na plataforma atingiu US$ 3,6 bilhões, o que representa uma alta de 36,8% na comparação ano a ano. Segundo o Canaltech, “grande parte desse sucesso está atrelado às novas opções fora da plataforma do Mercado Livre, tanto online quanto offline — serviços de pagamento, maquininhas de cartão e carteira digital, que, aliás, alcançou 6,1 milhões de pagadores ativos, com crescimento de 34,9% em usuários em relação ao segundo trimestre.”
Por fim e não menos impactante, a Amazon está mais estabelecida do que nunca no Brasil, segundo mercado internacional mais importante para a empresa. Nestes últimos 12 meses, inaugurou seu novo centro de distribuição, trouxe a Alexa falando português e com seu movimento mais estratégico no mercado, lançou seu programa de relacionamento Prime com oferta de frete grátis, além de músicas, filmes, séries, livros e jogos. Com muita análise de dados e entendimento do perfil de consumo do brasileiro, a Amazon promete sacudir essa Black Friday e só quem sai ganhando é o consumidor brasileiro.
Varejo alimentar na Black Friday
Com o amadurecimento do consumidor e do varejo, novas categorias estão ganhando força e o varejo alimentar– que representa 30% do orçamento familiar brasileiro – promete entrar em um novo patamar de participação nas vendas da Black Friday deste ano.
Apesar do ecommerce ainda representar pouco no resultado do Carrefour, o gigante varejista francês está se movimentando rápido para atender de maneira conveniente seus clientes. As vendas do Carrefour via Rappi representaram mais de um terço (35%) dos pedidos de vendas online de alimentos no primeiro trimestre. O GPA, principal concorrente, aposta no mobile como um canal estratégico para ganhar a disputa de quem é mais relevante na escolha do consumidor. Em matéria do EcommerceBrasil, Antonio Salvador, CDO (Chief Digital Officer) do Grupo Pão de Açúcar, relata que “os aplicativos do grupo funcionam como ferramentas de personalização e experiência. 30% dos clientes abrem os apps pelo menos uma vez por mês e destes, 40% se convertem em compras.”
Com esse cenário, é fato que esta Black Friday será diferente de todas as anteriores e assim serão as novas datas promocionais no varejo brasileiro. Um mercado em rápido amadurecimento, respondendo à um cliente que adquire novos hábitos e exige uma resposta imediata das marcas e empresas que se relacionam.
Uma importante constatação: esses movimentos estão acontecendo em todos os setores do varejo, independente do tamanho do negócio. Importante se movimentar rápido, colocando o cliente no centro da estratégia para continuar mantendo sua relevância e a sua competitividade nos próximos anos.
Que venha a Black Friday 2019!
A GS&Consult, consultoria do Grupo GS& Gouvêa de Souza, tem apoiado a transformação de negócios de diferentes setores da indústria e do varejo por meio de diferentes soluções como integração de canais, novos formatos (como a recém inaugurada Telhanortejá – loja de bairro) e revisão do modelos e canais de distribuição.
Fonte: Mercado e Consumo