Estratégia: Companhia estreia no domingo serviço de celular com alcance em todo território dos Estados Unidos
A Wal-Mart Stores informou ontem que vai ampliar para os Estados Unidos inteiros sua assinatura barateira de celular Straight Talk, da operadora Tracfone Wireless, em mais um exemplo da queda dos preços no segmento mais econômico da telefonia móvel.
O Straight Talk, que oferece um plano mensal barato, de até US$ 30, e um plano de acesso ilimitado, incluindo mensagens de texto e acesso à internet, por US$ 45, até pouco tempo era oferecido como serviço experimental limitado pela Tracfone, divisão da América Móvil S.A.B. de C.V., que também controla a Claro.
O serviço é visto como forte concorrente no aquecido segmento dos telefones pré-pagos, especialmente porque funciona na rede da Verizon Wireless. Agora com presença nacional, o Straight Talk pode exercer pressão sobre todas as operadoras de telefone móvel pré-pago dos EUA. O Straight Talk estará disponível em todo o território do país a partir de domingo.
"É apenas mais um tiro na atual batalha dos preços", disse Roger Entner, analista da Nielsen. O serviço é visto pelos analistas como uma ameaça às operadoras de serviços pré-pagos MetroPCS Communications e Leap Wireless International, mais conhecidos por seus planos de uso ilimitado. As duas empresas estão sofrendo pressão do Boost Mobile, da telefônica Sprint Nextel, que também está vulnerável ao plano do Straight Talk. Porta-vozes das operadoras não foram encontrados para comentar.
Menos conhecido é o efeito sobre as grandes operadoras. A Sprint e a T-Mobile USA, de propriedade da Deutsche Telekom, já sofreram com a migração de clientes para planos mais baratos, mas não houve efeito semelhante sobre as duas principais, a Verizon Wireless e a AT&T. A Verizon Wireless, de propriedade da Verizon Communications e do Vodafone Group, conseguiu manter seus preços mais elevados graças à opinião positiva sobre a sua rede, ao passo que a AT&T tem o iPhone, da Apple, um campeão de vendas.
Mas no caso do Straight Talk, a Verizon Wireless fornece a infraestrutura de rede, despertando algumas preocupações sobre seu serviço básico. A AT&T também tem um contrato com a Tracfone, mas não empresta seu nome ao serviço. O nome Verizon Wireless atualmente é encontrado em produtos Straight Talk.
"Isso decerto vai canibalizar os negócios da própria Verizon Wireless", disse Entner. "Mas a Verizon realmente quer tirar uma mordida dos negócios da AT&T com a Tracfone, e colocaram seu nome no produto para aumentar seu perfil." A Verizon Wireless não quis comentar.
A iniciativa da Wal-Mart de entrar no segmento dos celulares é o mais recente exemplo da maneira como o maior varejista mundial está trazendo seu tamanho e sua economia de escala para setores que vão bem além da loja de departamentos tradicional. Há anos, nos Estados Unidos, a Wal-Mart vem aumentando sua presença na área da saúde, por exemplo, especialmente com um programa que vende a dose mensal de certos medicamentos genéricos por US$ 4, iniciativa que estimulou outras redes de farmácias a oferecer promoções semelhantes.
A Wal-Mart é uma das grandes redes que está mudando seu foco para aproveitar o crescimento dos negócios em telefonia móvel. Nos últimos meses as redes de lojas de eletrônicos Best Buy e RadioShack têm feito esforços mais concentrados para ressaltar como são amplas as opções que oferecem. A Best Buy, por exemplo, há pouco começou a oferecer o serviço da Leap em suas lojas. Enquanto o plano de US$ 45 oferece acesso ilimitado a todos os serviços, o plano de US$ 30 inclui mil minutos, mil mensagens de texto e 30 megabytes de acesso a internet pelo celular.
Os aparelhos telefônicos para esses planos, de fabricantes como LG e Samsung Electronics, estão disponíveis nas lojas Wal-Mart com preços a partir de US$ 40.
O programa piloto para celulares da Wal-Mart, iniciado em meados do ano passado em 234 lojas, teve sucesso, segundo a empresa, que vem trabalhando com rapidez para disponibilizar esses planos antes das festas de fim de ano.
Veículo: Valor Econômico