Wagner Hilário, Rio de Janeiro
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O atual presidente dos Conselhos de Administração da Península (empresa de investimentos) e da BRF — além de fazer parte dos conselhos do Carrefour Brasil e Global — destacou, em sua palestra, a velocidade dos novos tempos e a necessidade de as empresas, cada vez mais, entregarem facilidade, simplicidade, conveniência e especialização aos clientes.
Essas exigências passam pelas novas tecnologias e, dessa forma, segundo Diniz, a importância dos jovens nativos digitais aumenta consideravelmente para qualquer atividade econômica, especialmente para o varejo. “Hoje, o mundo é no celular, por isso, o conceito de omnichannel é tão relevante. Nem sempre a compra se dá de forma on-line, mas os dispositivos são usados para pesquisa e para encaminhar os consumidores ao ponto de venda. Noutras vezes, o consumidor vai à lojas só para ver o produto e, depois, comprá-lo on-line. ”
Nesse sentido, Diniz enfatizou que as lojas físicas estão longe de acabar, mas que passarão a cumprir um papel específico no novo mundo do varejo. “Observe como a Amazon tem investido em lojas físicas. O que muda, nesse caso, é o centro do negócio. A loja física, agora, deve ser pensada, antes, como complemento a uma atividade digital. O profissional que entende da parte digital e do consumidor é quem deve pensar na concepção e na função da loja física.”
Diniz trouxe uma expressão relativamente nova: “share of eyes”, que se refere à capacidade de as marcas e produtos se destacarem aos olhos dos consumidores, sobretudo por meio dos dispositivos que dão acesso à internet. Segundo o empresário, para uma marca ter boa “participação no olhar” das pessoas, é preciso que, antes, as empresas coloquem seu público-alvo no centro das reflexões, decisões e ações estratégicas.
Bom exemplo nesse sentido, para o empresário, são os atacarejos, que, por atenderem muito bem à demanda dos brasileiros, fazem sucesso há alguns anos e, ao que tudo indica, continuarão a fazer por mais um bom tempo.
Em contrapartida, conforme Diniz, os hipermercados estão deslocados das necessidades dos consumidores contemporâneos e têm dificuldade em saber que papel cumprem nesse cenário. “No Carrefour, estamos revendo os hipermercados. Eles precisam, obrigatoriamente, ser menores do que já foram e, ao mesmo tempo, concentrar sua oferta em alimentos, sobretudo perecíveis. Não pretendemos abrir mais hipermercados, ao menos não agora, mas estamos trabalhando para encontrar um caminho para as lojas que temos nesse formato.”
Diniz observou que, no mundo, as lojas menores, com operações menos custosas, mas, ainda assim, com qualidade em produtos e quantidade mínima de serviços, conceito bem traduzido por redes como Audi e Lidl, ambas alemãs, são as grandes tendências. Esses modelos também se destacam, de forma menos expressiva do que os atacarejos, no mercado brasileiro, por meio de bandeiras como Carrefour Express e Minuto Pão de Açúcar.
Outro tema abordado por Diniz foi o momento difícil da BRF, que teve, em 2017, prejuízo. “Apesar de ter havido certa exacerbação, circunstâncias assim fazem parte do dia a dia de empresas. Não tenho dúvidas de que a BRF, pela força e pelos profissionais que tem, irá superar esse momento, que é fruto de problemas não apenas internos, mas também conjunturais.”
Wagner Hilário é editor da Revista SuperHiper, publicação da ABRAS.