Bebidas: Parceria com Constellation Brands pode ser rompida, em meio à queda nas vendas da cerveja Corona
A cervejaria mexicana dona da marca Corona Extra processou sua sócia nos Estados Unidos, num racha entre as duas companhias sobre como comercializar a cerveja, que não vem se saindo bem, e levantando dúvidas quanto à sobrevivência da parceria.
O Grupo Modelo, do México, entrou na terça-feira com um processo contra a Constellation Brands em um corte distrital federal de Nova York, acusando sua sócia de violar suas obrigações fiduciárias de co-proprietária da Crown Imports, que comercializa a Corona, a marca de cerveja importada mais vendida nos Estados Unidos.
O Grupo Modelo alega no processo que representantes da Constellation no conselho de administração da Crown Imports recusaram-se a aprovar o orçamento de marketing para 2010, recomendado pela administração da Crown, embora tenham anteriormente demonstrado apoio e estivessem cientes que rejeitar o plano prejudicaria os negócios da empresa.
A fabricante de cerveja mexicana também alega que os representantes da Constellation - incluindo o diretor-presidente da Constellation, Rob Sands - ameaçaram sobrecarregar a Crown com um orçamento menor a menos que o Grupo Modelo concorde em rever a joint venture meio a meio em benefício da Constellation.
Os representantes da Constellation "violaram suas obrigações junto à joint venture e ao Grupo Modelo, obstruindo deliberadamente os negócios da Crown para promover seus próprios objetivos egoístas", diz o processo. A Constellation disse ontem que "as alegações carecem de mérito" e que ela vai defender sua posição.
O Grupo Modelo diz no processo que escolheu comprometer seu próprio dinheiro para compensar a diferença no orçamento de marketing proposto para 2010 "para evitar prejudicar a Crown". A ação busca reparações por perdas e danos, que serão determinadas no julgamento. Uma porta-voz do Grupo Modelo não quis comentar o assunto ontem.
O processo surge no momento em que a Corona está para anunciar seu terceiro ano seguido de queda nos volumes de vendas nos EUA, provocada em parte pela concorrência acirrada e pela recessão. A Crown recentemente tentou dar um alento às vendas oferecendo mais descontos para a Corona e segurando reajustes de preços.
As vendas em dólar da Corona nos EUA caíram 18% em 52 semanas até 29 de novembro, segundo a Information Resources.
Segundo analistas, o processo sugere que a Constellation, que fabrica a vodca Svedka, quer renegociar seu acordo com o Grupo Modelo, para que ele seja visto mais favoravelmente em Wall Street. A joint venture Crown Imports responde por cerca de 28% dos lucros da Constellation, segundo Kaumil Gajrawala, analista do UBS, mas o acordo de 10 anos está previsto para terminar em 2016, a menos que o Grupo Modelo decida pagar uma taxa de rompimento de contrato igual a oito vezes os lucros antes dos juros e impostos.
"Enquanto não houver uma certa clareza sobre a renovação da joint venture ou a saída antecipada do Grupo Modelo, o preço da ação ficará amarrado", disse Gajrawala. O processo sugere que a Constellation usou um "golpe de negociação" com o Grupo Modelo.
Mark Swartzberg, analista da Stifel Nicolaus, rebaixou sua recomentação para as ações da Constellation de "comprar" para "manter" por causa do processo. Ele disse em uma nota a investidores que "processar um parceiro é geralmente um precedente ruim para relações de negócios em andamento".
Além de importar a Corona, a Crown importa e vende marcas como Modelo Especial e Pacifico, ambas do Grupo Modelo. A Crown Imports responde por cerca de 5% dos volumes de cerveja vendidos nos EUA, um mercado dominado pela Anheuser-Busch InBev e pela MillerCoors. A Anheuser tem uma participação não controladora de 50% no Grupo Modelo, a maior fabricante de cerveja do México.
Veículo: Valor Econômico