Adolescente troca "refri" por água de coco e chá

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A principal bebida que acompanha algumas das delícias do universo adolescente - pizza, pipoca e hambúrguer - pode estar mudando de cara. Pelo menos, quando a refeição é feita em casa, onde o refrigerante vem perdendo espaço na mesa para a água de coco e o chá pronto. É o que indica pesquisa realizada pela Nielsen ao longo de 2009, entre os meses de janeiro e novembro, em 8,7 mil domicílios de todo o país.

 

O levantamento, feito a cada 15 dias e que compara as compras de acordo com a faixa etária dos filhos em cada lar, identificou que o maior índice de consumo das categorias água de coco e chá pronto está nas casas onde moram jovens entre 12 e 17 anos. Os refrigerantes, cujo volume vendido no país cresceu apenas 1,35% em 2009, são mais consumidos em lares com filhos adultos, de 18 a 29 anos. Não por acaso, a Pepsico comprou em agosto a Amacoco, dona da marca Kero Coco, líder da categoria.

 

Segundo especialistas, o movimento pode ser explicado como uma tentativa dos pais de controlar parte da alimentação dos filhos. "As mães, principalmente, sabem que os filhos não costumam se alimentar bem fora de casa e fazem questão de adotar hábitos mais saudáveis no consumo doméstico", diz o consultor Adalberto Viviane, da Conceptnet, que recentemente estudou o consumo de bebidas não alcoólicas. A tendencia, diz Viviane, é que o refrigerante seja oferecido como "prêmio", em uma ocasião excepcional, e que uma bebida mais saudável seja oferecida no dia a dia.

 

Por outro lado, diz Patrícia Moraes, consultora da Nielsen, nos lares com filhos adultos a influência dos pais é menor. "Muitas vezes, esses filhos participam do orçamento doméstico e têm maior poder de compra, decidindo por conta própria o que vão beber", diz.

 

A Nestlé, dona da marca Nestea - produzida pela Leão Júnior, comprada pela Coca-Cola em 2007 - confirma que a bebida tem entrado na preferência dos mais jovens. Inclusive das crianças. Dados da Kantar Worldpanel, informados pela Nestlé, mostram que consumidores entre 6 e 12 anos responderam por 19% das vendas da categoria em 2009, com aumento de 8% em volume. Embora os solteiros sejam o maior público bebedor de chá pronto (responsável por 32% do volume), as vendas para este público cresceram apenas 2% em 2009, diz a Nestlé.

 

Patrícia, da Nielsen, afirma que os lares com filhos de 12 a 17 anos são os que apresentam a maior frequência de compras. "Respondem por uma média de 96 idas ao supermercado ao longo do ano", diz a executiva. A média nacional é de 89. Essas famílias, que significam 11% do total de domicílios do país, gastam 12% acima da média nacional, só perdendo em volume de compras para os lares com filhos pré-adolescentes, de 7 a 11 anos.

 

Se os pais influenciam a escolha da categoria consumida, os filhos adolescentes optam pela marca. Os lares com filhos de 12 a 17 são os que mais gastam com marcas líderes nas categorias de suco concentrado, sobremesa pronta, suco pronto, água de coco, escova dental, inseticida e desinfetante, segundo a Nielsen.

 

Engana-se, porém, quem pensa que os jovens estão optando definitivamente por uma alimentação mais saudável. Segundo a Nielsen, também é nos lares com adolescentes que o consumo de creme de amendoim, catchup e leite condensado impera. Neles, o cereal matinal não é prioridade. A categoria, por sinal, redime os filhos adultos: são eles os que mais consomem cereais (33% acima da média nacional). Para Viviane, o hábito serve como 'mea culpa'. "Este público já sabe que terá um dia cheio e com pouca chance de se alimentar bem, por isso, prefere garantir algo saudável logo cedo".

 

Veículo: Valor Econômico

 


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