A indústria de latas de alumínio para refrigerantes e cervejas pediu ao Ministério da Fazenda a redução da alíquota de importação das latinhas de 16% para zero, pelo menos até 31 de dezembro. O motivo é que a importação das embalagens tem subido acima do normal nos últimos meses, devido ao fato de a indústria brasileira de latas não estar dando conta do forte consumo dessas bebidas neste início de ano.
Com a redução da alíquota, o setor quer evitar aumento nos custos de produção e, consequentemente, nos preços dos produtos. Segundo o diretor executivo da Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade), Renault Castro, "as importações vão ser sempre mais caras para a indústria nacional de bebidas, devido aos custos com frete", afirma.
A entidade estima que 2010 fechará com a falta de 1,5 bilhão de latas de alumínio, por causa do aumento no consumo dessas embalagens em 10% e também da alta das vendas em 10% de refrigerantes e cervejas.
O Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja) é uma das associações ligadas ao mercado de bebidas que pediram à Fazenda para reavaliar o imposto. O presidente do sindicato, Ênio Rodrigues, não sabe precisar em quanto as importações em excesso podem encarecem a produção da bebida, mas acredita que, com a redução do Imposto de Importação, não haverá pressão significativa sobre os custos.
"O ministério estuda sistema de cotas para a redução das barreiras. A medida ainda não foi liberada, mas aguardamos a publicação de instrução normativa ainda neste mês", diz.
PRODUÇÃO - O consumo de latas de alumínio no País em 2009 surpreendeu o mercado e apresentou crescimento muito superior ao registrado por outros setores da economia.
Dados da Abralatas mostram aumento de 11,7% sobre o ano anterior. Isso representa o consumo de 14,8 bilhões de unidades ou 40,5 milhões de latas de alumínio por dia. A informação demonstra a consolidação do setor, que resistiu ao impacto da crise financeira internacional em 2008.
Os fabricantes de latas têm investido nos últimos meses no aumento de capacidade, já que o produto está em falta desde o fim do ano passado (leia ao lado). "Mesmo se conseguirmos a redução da alíquota, a indústria não vai conseguir atender a toda a demanda de bebidas", diz Castro, da Abralatas. "A diminuição permitirá que o mercado seja adequadamente suprido a preço menor do que o das importações com alíquota de 16%."
O presidente da Abrir (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas), Hoche Pulcherio, é da mesma opinião de Castro. "Até que os fabricantes de latas aumentem a capacidade de forma significativa, eles não terão condições de responder à demanda da indústria de bebidas nacional."
Grande demanda faz fabricantes nacionais ampliarem a produção
De olho no potencial de crescimento do mercado brasileiro de bebidas, as indústrias de latas de alumínio aceleram os investimentos no Brasil. A entrada em operação de novas capacidades possibilitará que, até o fim do ano ou início de 2011, o mercado esteja "adequadamente abastecido", segundo o diretor executivo da Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade), Renault Castro.
Essa também é a expectativa dos fabricantes de bebidas, que não pretendem substituir as latinhas por outros tipos de embalagens, como PET. "No caso das cervejas, o uso do PET nem é recomendável por conta da conservação", diz o presidente do Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja), Ênio Rodrigues.
Já o presidente da Abrir (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas), Hoche Pulcherio, ressalta que a vida útil do PET é menor do que a da lata, o que torna o alumínio preferido das indústrias.
A Rexam, maior fabricante de latas de alumínio no País, é uma das indústrias que pretendem elevar sua capacidade anual dos atuais 11,5 bilhões de latas de alumínio para 14 bilhões de unidades até o primeiro trimestre de 2011.
Segundo o presidente da Rexam Beverage Can Americas (BCA), André Balbi, dos 2,5 bilhões de unidades adicionais, 2,2 bilhões serão decorrentes de investimentos no aumento da capacidade e 300 milhões de ganhos de eficiência.
A nova unidade da empresa em Minas Gerais deve começar a funcionar em novembro. Os investimentos para ampliação no Brasil e no Chile vão somar R$ 180 milhões. A Rexam responde por mais de 60% do mercado de latas no formato de 350 ml. (Da AE)
Veículo: Diário do Grande ABC