Ex-presidente da marca de origem mexicana investe R$ 10 mi na criação da VivaFrut
Em meados de 2003, Gabriel Salomão deixou a presidência da operação brasileira da Sucos Del Valle, por discordar da cúpula da companhia, à época baseada no México, onde o grupo se originou. Ele defendia que a empresa ampliasse sua atuação no Brasil, pois considerava que o país ainda tinha muito espaço para crescer no ramo de sucos prontos para beber.
A família Albarran, dona da Del Valle, resolvera desfazer-se da marca e chegou a negociá-la com a Pepsi-Cola, a Coca-Cola — as duasmaiores rivais no segmento de refrigerantes no mundo — e também com a Kraft Foods, uma das principais produtoras de alimentos do planeta e que, no início de 2009, vendeu a Sucos Maguary para a Companhia Brasileira de Bebidas (CBB).
A Del Valle acabou sendo adquirida em 2006 pela Coca-Cola em conjunto com a mexicana Femsa,uma dasmaiores engarrafadoras dos refrigerantes da Coca. Em maio deste ano, passará a ter como concorrente a VivaFrut, criada por Salomão para atuar no ramo de sucos e chás prontos para beber, comum investimento inicial de R$ 10 milhões. “Ainda tenho certeza de que há muito espaço para crescer nesse ramo no Brasil”, diz Salomão.“Obrasileiro toma em média três litros de suco por ano, ao passo que o consumo per capita de países desenvolvidos é acimade dez litros.”
O empresário havia sido um dos responsáveis pela instalação da Del Valle no Brasil, primeiro importando o produto, em1997, e depois se tornando sócio do empreendimento, com 15% das ações da subsidiária brasileira, que, dois anos depois, construiu uma fábrica na cidade paulista de Americana, para dar conta da demanda pelos sucos da marca.
Em 2004, tambémse desfez de sua participação na companhia, transferindo suas ações para os controladores da Del Valle, então prestes a ser vendida à Kraft, numa transação que não se concretizou. À época, Salomão decidiu retomar a administração da Tok Take, que fornece bebidas e alimentos por meio de 5 mil máquinas de venda automática instaladas em locais de grande concentração de público.
Ele calcula que os equipamentos da Tok Take servem a mais de 500 mil usuários diariamente. Esses números animaram Salomão a criar a Dica do Chef, que vende mensalmente 1,5 milhão de sanduíches de carne e naturais, por meio das máquinas da Tok Take e de canais de varejo tradicionais.
Essa estrutura da Tok Take já está sendo usada por Salomão para introduzir as marcas de sucosVivaBrasil e chás GTea, ambas da VivaFrut. Gradativamente, ele pretende levá-las às pequenas redes de distribuidores, aproveitando a lacuna deixada pela Coca-Cola desde a compra da Del Valle. “Conheço bemessas redes, pois foi por elas que comecei a vender os sucos da Del Valle no país”, conta o empresário.
A experiência de ter desenvolvido o mercado para a Del Valle está sendo igualmente útil na formulação dos sucos, um dos diferenciais da empresa mexicana em seu início de trajetória no país. Além dos tradicionais sabores de manga, pêssego e uva, a VivaBrasil oferecerá combinados de maçã com frutas nordestinas (acerola, cajá e caju) e amazônicas (açaí e cupuaçu).
Empresário também aposta em linha de chás
A linha da GTea oferecerá chá preto nos sabores limão e pêssego, chá verde com limão de baixa caloria e com uva verde, pera e kiwi de baixa caloria. O interesse de Salomão pelo mercado de chás começou quando, para aprovar a comprada Matte Leão pela Coca-Cola, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou, em junho de 2009, que a empresa de refrigerantes se desfizesse da marca Nestea. Durante dez meses, Salomão manteve negociações para adquirir os direitos de produzir os chás Nestea no Brasil. Quando o contrato final estava na iminência de ser fechado, a Beverages Partners Worldwide (BPW) — sociedade entre a Coca e a Nestlé detentora da marca Nestea — encerrou as tratativas. Na VivaFrut, Salomão terá como sócio Fausto Ferraz, seu companheiro de início da Del Valle. Ele foi o responsável pela formulação dos sabores das bebidas da empresa mexicana no Brasil e terá a mesma incumbência na VivaFrut. Outro benefício decorrente da experiência de Salomão de ter trazido a Del Valle ao Brasil consiste no desenvolvimento de fornecedores, como a Imperial, uma indústria de Goiânia (GO) que lhe produzirá, em regime de terceirização, 2 milhões de litros mensais de sucos e chás, volume que o empresário calcula que renda R$ 35 milhões de faturamento neste ano.
Veículo: Brasil Econômico