Vinho: Aplausos à qualidade nacional e boas surpresas na taça

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Marcelo Copello


De tempos em tempos, neste canto de página, faço uma revisão de como anda o vinho brasileiro. Como comentei semana passada, o momento é de crise no comércio, mas de ascensão na qualidade. "O vinho brasileiro melhora a cada ano" é o refrão que repito desde que comecei esta coluna em 2001. Fico feliz de trazer sempre boas notícias, constatando que gradualmente a indústria nacional progride.

 

Temos hoje 1017 vinícolas. A produção nacional envolve 20 mil famílias em todo o Brasil (5 mil só em Bento Gonçalves) e geram 300 mil empregos (sendo 160 mil no Rio Grande do Sul). No que se refere ao consumo de vinhos finos nacionais o Estado que lidera é São Paulo, com cerca de 50% do total, seguido por Rio Grande do Sul (20%) e Rio de Janeiro (10%).

 

Compro a briga ao dizer que quem afirma que não há vinho brasileiro de qualidade o faz por ignorância ou preconceito. Do mesmo modo que quem garante que já fazemos grandes vinhos, certamente desconhece o que é isso ou tem interesses. Dos quase cem vinhos nacionais que testei recentemente (muitos ] loco), garimpei os melhores, alguns já publicados semana passada e os demais, hoje. Boa degustação:

 

Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2002, Marson, Catiporã-RS (R$ 60, 86/100). Rubi escuro e reflexos granada. Aroma com carvalho americano aparecendo, coco queimado, baunilha, tostados, figos, cravo, frutas maduras. Bom corpo, taninos secos, sérios, boa acidez, final longo. A Marson vem mostrando este Gran Reserva desde a safra de 1999 sempre com qualidade e estilo próprio e marcante, onde a madeira americana tem papel predominante.

 

Cabernet Sauvignon Millesime 2004, Vinícola Aurora, Bento Gonçalves-RS (R$ 48, 84/100). Doze meses de carvalho americano e francês. Vermelho granada escuro. Aroma de madeira aparece bem, com qualidade, toque herbáceo típico da Cabernet aparece com qualidade e tipicidade. Abriu-se bem ao longo da prova, com especiarias, boa fruta madura, musgo, cogumelos secos. Médio-bom corpo, taninos macios, mas ainda presentes, 13% de álcool, longo, toque de taninos um pouco rústicos no fim de boca, que não lhe tiram o bom equilíbrio e qualidade.

 

Churchill Cabernet Franc 2006, Valmarino, Pinto Bandeira-RS (R$ 67,50, 84/100). Dez meses em carvalho americano. Vermelho rubi claro, com reflexos granada. Aroma intenso, com boa madeira na frente, toque de especiaria doce muito agradável, baunilha, coco queimado, couro, toques lácteos, fruta passa. Médio corpo, macio, taninos finos, resolvidos, prontos, elegante e equilibrado. Franco aberto e pronto. Muito bom.

 

Merlot 2000, Maximo Boschi, Serra Gaúcha-RS (R$ 35, 83/100) fica um ano em carvalho francês. Cor rubi escuro violáceo. Aroma de fruta madura, madeira, ervas frescas, toques de evolução, couro, especiarias. Bom corpo, seco, taninos de boa qualidade secos e presentes, 12,8% de álcool. Elegante e bem equilibrado. Está no auge, aos oito anos de idade, coisa rara no panorama nacional.

 

Maestrale Cabernet Sauvignon 2005, Sanjo, São Joaquim-SC (R$ 55, 82/100). Dez meses em barricas novas francesas. Rubi entre claro e escuro com reflexos granada. Aroma com bom ataque, frescor, frutas vermelhas, ervas, canela, banana, caramelo. Médio corpo, macio, taninos finos, bem- equilibrado e bem-elaborado, 13,2% de álcool, persistência média. Uma boa surpresa.

 

Innominabile 2005-2006, Villaggio Grando, Água Doce-SC (R$ 70, 81/100). Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Malbec e Pinot Noir das safras de 2005 e 2006, permanece meses em barricas. Rubi escuro violáceo bem vivo. Aromas com toque de ervas, fruta fresca. Paladar de médio corpo, com taninos secos que não tiram a boa maciez do conjunto. Feito com 14% de álcool, com boa qualidade. Final seco.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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