Empresários investem R$ 120 milhões em cervejaria no Nordeste

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Um grupo de três empresários pernambucanos está investindo R$ 120 milhões em uma nova cervejaria, a Companhia Brasileira de Bebidas Premium (CBBP). Como o nome já sugere, a empresa vai explorar o promissor mercado brasileiro de cervejas "premium", que vem crescendo a taxas elevadas nos últimos anos.

 

O anúncio vem na esteira de investimentos importantes que estão sendo realizados pelas grandes cervejarias na região Nordeste, mercado mais aquecido do país. Dados mais recentes da consultoria Nielsen, referentes aos três meses encerrados em fevereiro, mostram que as vendas de cerveja no Nordeste (exceto Ceará, Maranhão e Piauí) cresceram 20,6% em relação a um ano antes. A média nacional ficou em 15,9%.

 

Nesse sentido, a Schincariol, líder no mercado nordestino, está ampliando e modernizando as unidades de Paulista (PE) e Alagoinhas (BA), esta última com aporte de R$ 400 milhões, revelado na semana passada. Já a AmBev deverá anunciar em breve uma nova planta em Pernambuco, um investimento de R$ 200 milhões. As informações, não confirmadas pela empresa, são do governo de Estado.

 

Com relação à CBBP, está prevista para dezembro a inauguração da primeira fábrica da empresa, no município cearense de Pindoretama, a 40 quilômetros de Fortaleza. A unidade, que está sendo construída há cerca de um ano e meio, terá capacidade para 150 milhões de litros de cerveja por ano. A produção será totalmente destinada ao Nordeste.

 

Segundo o sócio e presidente da CBBP, João Carlos Noronha, a ideia de investir na região veio, basicamente, das oportunidades "excelentes" para o negócio. Além do clima quente e do crescimento econômico, pesa ainda a demanda reprimida. Enquanto o consumo nacional de cerveja está em cerca de 50 litros por habitante/ano, no Nordeste a relação não passa de 35 litros. Noronha, de 41 anos (ex-executivo da Cimento Nassau, que pertence à sua família), tem como sócios no projeto José Aécio Vieira, de 39 anos - que é dono de hospitais, entre outros negócios -, e Dante Peló, de 34 anos.

 

A ideia da CBBP é lançar inicialmente a versão premium de uma cerveja pilsen, categoria mais conhecida no mercado brasileiro. "Em um segundo movimento, vamos colocar uma linha mais elaborada, de alta fermentação, como cervejas de trigo e do tipo bock, entre outras", diz Noronha. Alegando questões concorrenciais, ele evita revelar o nome das cervejas.

 

Para 2011 está previsto o início das obras da segunda fábrica da CBBP, que será em Pernambuco. O município de Goiana, na Mata Norte do Estado, é o favorito, mas a empresa ainda avalia a melhor relação entre localização e benefícios fiscais. Normalmente, os governos do Nordeste têm oferecido desconto de 90% sobre o ICMS presumido, porém pode haver variações atreladas à interiorização dos investimentos, ou seja, quanto mais afastada a fábrica das capitais, maior o benefício.

 

O investimento em cada unidade, segundo Noronha, é de cerca de R$ 60 milhões. O valor inclui a construção das fábricas, a infraestrutura de distribuição e o marketing. Agora, a CBBP procura terrenos nos municípios de Juazeiro do Norte (CE), Sobral (CE), Teresina (PI) e Mossoró (RN) para a construção dos centros de distribuição.

 

A estratégia da empresa consiste em oferecer cervejas mais elaboradas a um custo menor, daí a necessidade de uma produção em escala industrial razoável. Noronha acredita que sua cerveja pilsen chegará às gôndolas em janeiro custando só 5% a mais do que as marcas já conhecidas do público.

 

"Algumas pesquisas que fizemos mostraram que há espaço no mercado para essa cerveja, produzida numa planta industrial, mas com qualidade artesanal", afirma. Segundo o executivo, o seu diferencial estará na escolha dos ingredientes e em um processo mais longo de maturação da bebida, que nas grandes cervejarias é encurtado em função da eficiência da produção.

 

Além do nome, também é mantida em sigilo a campanha de lançamento da cervejaria, que deve começar em novembro. O diretor de marketing da CBBP, Lucas Afonso, revela apenas que o produto terá um apelo ao paladar e será apresentado como a "cerveja de hoje", fugindo dos estereótipos de tradição comuns a muitas marcas. O uso das redes sociais para veiculação também está nos planos.

 

A cautela dos executivos com a divulgação da estratégia faz sentido. O mercado brasileiro de cervejas é formado por competidores extremamente agressivos. Noronha acredita que as recentes aquisições de pequenas cervejarias pelas gigantes do setor revelam uma das faces dessa agressividade. Na sua avaliação, não há grande interesse das grandes em desenvolver o mercado de cervejas artesanais, mas principalmente a intenção de barrar o crescimento de empresas emergentes.

 

Veículo: Valor Econômico


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