Cooperativa de vinho artesanal melhora bebida

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Produtores da região de Campinas formalizam um método antigo de comércio e investem em mercado e qualidade

 

O agricultor Laurival Von Zuben aprendeu com os pais e avós a técnica de fazer vinho artesanal com a uva colhida no sítio. Prestes a completar 80 anos, o homem se curva diante dos cachos maduros e se anima com a perspectiva de colocar no mercado nacional a bebida envasada pela família. Dos 9.500 pés da variedade máximo IAC 138, cultivadas em Vinhedo, região de Campinas (SP), o experiente vitivinicultor produz 16 mil garrafas de vinho por ano, em duas safras.

 

Assim como Von Zuben, outros viticultores não deixaram de lado a tradição da uva fermentada no fundo do quintal. Acostumados a distribuir informalmente uma garrafa aqui e ali para conhecidos, os "fazedores" de vinho se uniram e formaram a Associação dos Vitivinicultores de Valinhos (Aviva). Entre os objetivos, valorizar o produto, sair da informalidade e garantir renda extra.

 

"Estamos esperando o CNPJ da cooperativa nas próximas semanas para dar entrada no pedido do registro no Ministério da Agricultura", diz o presidente da Coopervinho Paulista, Nivaldo Tordin. Segundo ele, antes mesmo da formalização da Aviva, o incentivo pelo sucesso do grupo vem crescendo. Logo no início eram 33 interessados, mas hoje já são 58 vitivitivinicultores. A segunda resposta foi constatar que seus integrantes estão instalados em 12 municípios: Valinhos, Vinhedo, Jundiaí, Campinas, Jarinu, Itapira, Indaiatuba, Rio Claro, Amparo, Lindóia, Itupeva e São Miguel Arcanjo.

 

Negociação. "Com a cooperativa podemos negociar preço de insumos e ratear o frete, por exemplo. Vamos poder reservar e estocar grande quantidade de rolha, cápsulas, dornas, mantel, vasilhame, rótulos", diz. Conforme ele, só em Valinhos, sede da cooperativa, no ano passado o município fechou com 30 mil garrafas. Com a força dos cooperados, que, somados, têm 220 mil plantas de uva, será possível engarrafar 172 mil litros de vinho por ano.

 

Na última contagem na roça, os cooperados dispunham de 80% da variedade niagara; 8% da máximo IAC 138; 5% da bordeaux e 7% de outras variedades. "Ainda não estamos somando as 10 mil plantas novas", salienta.

 

Antonio Félix Trento, vitivinicultor "a vida toda", conta que a valorização do vinho artesanal vai animar o setor. "Muita gente estava desanimada. Agora, o jeito é sair da informalidade e por nosso vinho artesanal no mercado." Ele calcula que, para extrair 1 litro de vinho usa-se 1,5 quilo de uva, "além de carinho e de uma grande família". A maioria dos produtores tem disponíveis até 2 hectares e os filhos e meeiros para ajudar. O custo médio para cada litro de uva gira em torno de R$ 6 a R$ 8. O preço da garrafa de vinho artesanal da região varia entre R$ 10 e R$ 15, conforme o tipo de uva.

 

José Ricardo Azzolin mantém a 18 graus a temperatura da adega no subsolo do restaurante. Nas duas paredes até o teto pode guardar 3 mil garrafas. Entre os exemplares nacionais e importados, Azzolin mantém os vinhos produzidos pela família. No térreo mantém a estante sempre cheia, com as garrafas deitadas bem aos olhos do visitante separadas por tipo.

 

Acima, fica uma sala de reuniões, onde são discutidas as diretrizes da cooperativa. No piso superior, em uma pequena sala no segundo andar do sobrado, ficam os equipamentos para o processo da champanhase para a extração do espumante. "Estamos perto de cidades que têm um consumo per capita bem grande de vinho."

 

Mais informações
AVIVA, TEL. (0--19) 3869-2444; COOPERVINHO, TEL. (0--19) 9647-5109

 

Pesquisas incrementam a atividade

 

O agrônomo Claudio Luiz Messias e professor da Feagri/Unicamp é um dos organizadores de eventos em torno da vitivinicultura. Ele acredita no potencial da cultura. O próximo curso, marcado para junho, vai tratar do espumante artesanal. Para ele, os municípios têm gente capaz e com vocação para a produção não só de uvas viníferas e consumo in natura. Outra vantagem é a proximidade dos centros de pesquisas. "A região produz muito bem uvas das variedades americanas, ótimas para produzir vinho comum, bem aceito no mercado", comenta. São Paulo consome 30% do vinho produzido no Brasil. / R.M.S.

 

Veículo: O Estado de São Paulo


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