Fase de transição iniciada em abril deve terminar em agosto
Em um mercado dominado há mais de dez anos pela AmBev - dona de quase 70% do mercado de cervejas no Brasil - há uma espera ansiosa pela chegada da Heineken, segunda maior cervejaria do mundo, atrás apenas da Anheuser Busch InBev, controladora da AmBev. A multinacional holandesa fechou em janeiro a compra da Femsa Cervejaria no Brasil e no México, um negócio que envolveu US$ 5,4 bilhões. Mas os holandeses só desembarcaram no Brasil no final de abril, quando houve a aprovação da aquisição por autoridades antitruste e acionistas. Desde então, a empresa iniciou no país o processo de transição para transformar a Femsa em Heineken.
A data prevista para finalização desse período de ajuste é agosto, quando o novo presidente da operação, o sul-africano Chris Barrow, atualmente diretor da Heineken na Polônia, assume o comando da companhia no país.
"Todos os produtos, marcas e processos estão sendo revistos agora. O que for considerado ruim, vai ser deixado de lado. Se for metade ruim, metade bom, vai ser reformulado. Se for bom, irá continuar", explica Paulo Macedo, diretor de relações corporativas da Heineken e ex-diretor de relações externas para o Mercosul da Femsa Cerveja Brasil.
Esse processo irá decidir o destino de marcas como a da cerveja Kaiser, a mais vendida da Femsa no Brasil. No portfólio da mexicana Femsa desde que a companhia chegou ao Brasil, em 2006, a marca Kaiser já chegou a ter mais de 18% do volume vendido no país, há oito anos. Hoje, porém, a marca é a sétima colocada no mercado nacional, com cerca de 5% do volume. A cerveja Heineken, por outro lado, tem conquistado cada vez mais espaço nas prateleiras. Segundo dados da empresa, que não revela volumes, as vendas cresceram 50% no último ano no país.
O movimento de transição também está afetando as oito fábricas que pertenciam à Femsa, agora sob comando da Heineken. Todos os processos de fabricação estão sendo revistos para ampliar o nível de produtividade das linhas. "Não estamos fazendo investimentos para aumentar a capacidade porque não é preciso no momento. O que estamos fazendo é aumentar a produtividade por hora e em volume de máquinas e equipamentos", diz.
Macedo foi um dos quatro diretores brasileiros da Femsa a permanecer no time de altos executivos da cervejaria holandesa. Edmundo Albers, diretor industrial, Jorge Kowalski, diretor comercial e Wilson Nogueira, diretor de planejamento e controle, permaneceram em seus cargos atuais. As diretorias de marketing, finanças e RH foram assumidas, respectivamente, pelo português Nuno Teles, pelo italiano Alberto Toni e pela também portuguesa Isabel Moisés. "Na fase de transição, eles têm passado uma semana aqui e outra na Europa", explica Macedo. A sede da companhia, hoje em Jurubatuba, na Zona Sul de São Paulo, será transferida para outro bairro.
Veículo: Valor Econômico