Acabou mais cedo o "mês de verão no meio do inverno", como as cervejarias gostam de se referir ao pico de vendas da bebida que acontece na Copa do Mundo. Na sexta-feira, a desclassificação do Brasil pela Holanda encurtou em nove dias o período de faturamento aquecido para a indústria cervejeira. Mas nem tudo é choro para a cadeia comercial da cerveja. Os 22 dias de venda - contados a partir do início do Mundial, em 11 de junho - tiveram consumo 30% acima do normal, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
"O movimento nos bares logo após a derrota do Brasil já não foi o mesmo do que foi registrado na última partida, contra o Chile. Já se sentiu uma queda", diz o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci Júnior. "Mas como as vendas estavam aquecidas, dentro de nossa previsão de faturamento 30% acima do que se tem em um mês de junho normal, no fim das contas, o período todo da Copa irá representar um ganho de pelo menos 20%", diz o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci Júnior.
Apesar do mau resultado em campo, para as cervejarias o balanço também é positivo, segundo Douglas Costa, gerente de marketing do grupo Petrópolis. Segundo ele, mesmo assim a volta precoce da seleção deve impactar as vendas. "Se o Brasil fosse hexacampeão teríamos um mês inteiro de comemoração e isso não vai mais acontecer", afirma.
"Se não vai beber para comemorar, a torcida agora é para que o consumidor beba para esquecer", brinca Adalberto Viviani, consultor especializado no mercado de bebidas. Ele prevê que haverá, sim, uma queda no consumo, mas não tão drástica, pelo menos até o fim da Copa. "As cervejarias vão perder o pico de vendas que iria acontecer agora. Mas o movimento não vai cair totalmente para se igualar ao que foi em maio ou ao que seria esse mês sem a Copa", diz ele. "Os bares vão continuar recebendo alguns torcedores para ver o desfecho do campeonato e também haverá consumidores comprando cerveja para assistir tudo de casa", calcula o especialista. "De maneira nenhuma o mês de verão no meio do ano fica comprometido sem essa reta final de vendas."
No Brasil, cerca de 70% das vendas de cerveja se concentram nos oito meses mais quentes do ano, ou seja, de setembro a abril. Janeiro e fevereiro juntos respondem por quase 20% do volume anual. Com a Copa, a indústria cervejeira previu que 2010 teria um resultado de vendas de 6% a 10% acima do registrado em 2009, de R$ 31,576 bilhões ou 7,729 bilhões de litros, segundo a Nielsen. Essa estimativa, apesar do futebol, continua valendo.
Veículo: Valor Econômico