Com uma fatia do consumo gaúcho de refrigerantes estabilizada na faixa dos 12% desde 2006, a Bebidas Fruki reorganiza sua estratégia em mercado dominado pelas gigantes Coca-Cola e Ambev. A empresa com sede em Lajeado, a 120 quilômetros de Porto Alegre, reduziu o número de pontos de venda, encerrou a distribuição de cervejas da gaúcha Dado Bier, faz estudos para abrir franquias e tenta acelerar a diversificação das linhas de produtos.
Segundo o presidente da empresa, Nelson Eggers, a intenção é reforçar o portfólio, que inclui água mineral, um repositor energético, chás e sucos. Mas os lançamentos esbarram nos custos das embalagens e na demora dos processos de registro das marcas, que tramitam há quatro anos no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A escolha da embalagem é mais complexa no caso dos sucos e ainda não há prazos para colocar os novos produtos no mercado. "Não podemos errar", diz o empresário.
Se a opção for pelas caixas cartonadas, a Fruki teria apenas dois fornecedores (Tetrapack e SIG Combibloc). A empresa já fabrica as embalagens PET tradicionais para os refrigerantes e também realizou testes com uma resina adequada para sucos (com barreira para oxigênio e raios ultravioletas), mas esse tipo de insumo ainda não está disponível no Brasil. Outra possibilidade é o envase na linha de latas, mas para isso seria necessário incorporar um pasteurizador que custa de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões.
Eggers não deu detalhes sobre os planos na área de franquias, mas o modelo poderia ser empregado para produzir as bebidas da marca em Santa Catarina e no Paraná, onde o empresário pretende desembarcar no futuro. A Fruki tem capacidade instalada total de 300 milhões de litros por ano e para 2010 prevê uma produção entre 170 milhões (alta de 8% sobre 2009) e 180 milhões de litros, incluindo refrigerantes, água e repositor energético. A projeção para a receita é de expansão de 13% sobre os R$ 116,6 milhões brutos faturados no ano passado.
Mas os números ainda poderão ser maiores, pois no primeiro semestre os níveis de crescimento foram de 17% em volume e de 22% em faturamento. O problema, segundo Eggers, é que o mercado avançou no mesmo ritmo e ele não conseguiu ampliar sua fatia do consumo gaúcho de refrigerantes como pretendia, para até 20% em 2010. "Nossa verba para propaganda é muito pequena". A estimativa é que as vendas no Rio Grande do Sul alcançaram cerca de 800 milhões de litros em 2009.
A Fruki reestudou a rede de pontos de venda no Estado. De 8,2 mil estabelecimentos em 2004, o número chegou a 36 mil cerca de quatro anos depois. Agora caiu para 30 mil. Foram excluídos pontos que apresentavam histórico de maus pagadores ou compravam volumes muito pequenos. A Fruki tem 200 vendedores próprios que visitam cerca de 6 mil clientes por dia.
A Fruki também parou de distribuir as cervejas Dado Bier porque descobriu que "não tem vocação" para trabalhar com produtos de terceiros. "Precisamos batalhar por nossas marcas", disse o empresário.
Dado Bier troca de distribuidor no RS
Depois de encerrar o acordo com a Fruki, a Dado Bier firmou contrato para distribuição de suas cervejas com a Águas Minerais Sarandi, de Barra Funda (RS).
A nova parceira, que também produz refrigerantes, néctares de frutas e repositores energéticos, cobre 24 mil pontos de venda no Rio Grande do Sul, de um total estimado entre 55 mil e 60 mil estabelecimentos do gênero no Estado, além das regiões oeste de Santa Catarina e sudoeste do Paraná.
Segundo o presidente da Dado Bier, Eduardo Bier Corrêa, a nova operação começou na segunda-feira. Explicou que o acordo anterior, iniciado em outubro, foi encerrado por "divergências conceituais" entre as duas empresas. Disse que a Sarandi permite uma capilaridade semelhante à proporcionada pela Fruki.
A Dado Bier também negocia acordos similares com empresas locais para atingir mercados como Goiás, Minas Gerais e a região Nordeste. A cervejaria mantém contrato com a ImportBeer, responsável pela distribuição dos produtos nas grandes redes de supermercados do Sul e Sudeste do país. Conforme Corrêa, a Dado Bier deve fechar o ano com faturamento de R$ 70 milhões, o dobro de 2009. (SB)
Veículo: Valor Econômico