La Cave Jado se dedica a produtores artesanais, que praticam viticultura sustentável, orgânica ou biodinâmica.
Vinhedos da Domaine Raimbault, em Sury-en-Vaux, na região (AOC) de Sancerre, no Vale do rio LoireO patriotismo que corre nas veias e a crença de que é possível oferecer vinhos autênticos de seu país a preços competitivos motivaram as francesas Jeanne Bourguignon e Dorothée Souchaud a desafiar a soberania de chilenos e argentinos no mercado brasileiro - cerca de 60% das garrafas que entram no Brasil - e abrir a La Cave Jado (iniciais dos nomes das duas), importadora dedicada exclusivamente à rótulos da França.
Há três anos no Brasil, Dorothée já atuava como representante de algumas vinícolas francesas e estava decepcionada com a oferta de vinhos franceses em nosso mercado. Acreditava que eram muito caros ou muito ruins. Um nicho de produto foi identificado e a oportunidade surgiu em 2008, quando Jeanne, que aqui vivia há quatro décadas, conheceu Dorothée numa degustação de vinhos em um hotel de São Paulo. Seis meses depois, nascia a Cave Jado, que traz um portfólio de vinhos de produtores artesanais (de pequeno volume de produção), de regiões menos conhecidas por aqui, que praticam viticultura sustentável, orgânica ou biodinâmica.
Não há entre eles nenhuma grande estrela no portfólio, mas a gama é bem consistente, sem altos e baixos. O preço, obviamente, acompanha o perfil do nicho identificado e apenas um rótulo (um Champagne Vintage) ultrapassa a barreira dos R$ 100,00. Dentro desse critério, pelo menos por enquanto, vinhos mais caros dos produtores nem são trazidos, caso, entre outros, do Châteauneuf du Pape, do Domaine de la Graveirette.
A equipe da importadora é bastante enxuta, composta por apenas cinco pessoas, curiosamente todas mulheres - carregar caixas é também com elas. Dorothée tem a função de garimpar os vinhos e produtores para o catálogo da importadora, enquanto Jeanne cuida da administração da empresa, sediada em São Paulo. Mais recentemente se uniu a ambas Ana, também especialista em Borgonha, onde realizou sua graduação no mundo do vinho.
Jeanne afirma que, embora a importadora já tenha captado uma clientela fiel, o trabalho de vender vinhos não é fácil. No começo, o consumidor as abordavam com muita curiosidade, afinal são regiões pouco conhecidas, produtores pequenos e muitas castas regionais. Para superar essa barreira, Jeanne logo identificou um fator chave: "Para o consumidor comprar, tem que provar". E a intensa participação nos eventos e feiras de vinhos tem surtido efeito positivo.
Atualmente, o foco da importadora está na venda direta para o consumidor. Para tanto, possui uma loja para vendas físicas, no bairro da Vila Mariana, além do site para e-commerce. Outra forma de venda que vem despertado o interesse dos consumidores é a degustação ou harmonização para grupos, que se reúnem na casa de um dos integrante e a harmonização ou apresentação dos vinhos fica a cargo da importadora.
Como as margens praticadas preço são baixas, é inviável conceder o desconto pedido por restaurantes e lojas especializadas, algo em torno de 30%. Entrar nesses canais de distribuição implicaria aumento de preços, o que mudaria a imagem que a Cave Jado tem, de oferecer vinhos com boa relação qualidade/preço.
Da atual lista de vinhos da Cave Jado, Jeanne afirma que os mais vendidos são o Muscadet, o Château Lamblin Cuvée Thomas e o vinho de sobremesa Jurançon do Domaine Nigri (esgotado). Entre os meses de outubro e novembro deve chegar à importadora uma série de novos rótulos e a reposição de alguns que foram esgotados.
Veículo: Valor Econômico